domingo, 11 de maio de 2014

CONFIANÇA


“A CONFIANÇA NÃO FAZ DE VOCÊ UM CEGO, MAS UM SER LIVRE DA PARANOIA E DAS VENDAS QUE LHE IMPEDEM ENXERGAR SAÍDAS PARA O DESAGRADÁVEL OBSTÁCULO IMPOSTO PELA TRAIÇÃO E DECEPÇÃO”


CONFIANÇA

            Confiança é um prato que proporciona uma grande força e poder. Encoraja o ser humano a fazer grandes investimentos, que proporcionarão o desenvolvimento de si mesmo e do mundo ao seu redor.



CUSTO


            Você nunca saberá ao certo se um investimento a ser feito num determinado terreno da vida é seguro ou não, mas, nutrindo-se de Confiança, acreditará sempre no êxito do mesmo. Como não existem fiadores para quem tem a arrojada coragem de provar este prato, o maior preço que se paga é o da decepção. É um preço alto, porém justo para quem deseja realmente conhecer o terreno que investe. Pagando o preço justo, você finalmente conquista a dádiva de poder identificar a estrutura do terreno, ou seja, adquire a sábia capacidade e possibilidade de separar o árido do fértil. Depois de conquistada esta sabedoria, com certeza você saberá onde semear a sua semente.



TIRA GOSTO


INOCÊNCIA


INOCÊNCIA CAMINHA ERGUIDA
DE SORRISO ABERTO CUMPRIMENTA O MUNDO,
PERCEBE AS FLORES, O SOL, A LUA, AS ESTRELAS, INCLUSIVE AS        
 PESSOAS
CIENTE DO MUNDO
TEM DEUS DENTRO DE SI
E NÃO TEME NADA.


DESCONFIANÇA SE ARRASTA CABISBAIXA,
SORRISO TRANCADO, FECHADO PARA O MUNDO.
PERCEBE O CHÃO, O CHÃO, O CHÃO, EXCLUSIVAMENTE O CHÃO.
CIENTE DO PERIGO, TEM O DIABO DENTRO DE SI
TEME TUDO E A TODOS.


INOCÊNCIA É TRAÍDA POR MUITOS.
 SABE O QUE É O AMOR, POR ISSO SE RELACIONA.
SABE ATÉ MESMO O QUE É TRAIÇÃO.
INOCÊNCIA, ÀS VEZES, TROPEÇA, CAI
PODE CORRER RISCOS.
TEM FORÇAS PARA SE LEVANTAR, ERGUER-SE.


DESCONFIANÇA NUNCA É TRAÍDA
DESCONHECE O AMOR, NÃO SE RELACIONA.
DESCONHECE A TRAIÇÃO.
DESCONFIANÇA NUNCA TROPEÇA, JAMAIS CAI.
NÃO PODE CORRER RISCOS.
CARECE DE FORÇA POR TER AS PERNAS AMPUTADAS.


INOCÊNCIA TEM CARA DE BOBA
SÓ CARA.
DESCONFIANÇA BANCA A ESPERTA.
SÓ BANCA
SER INOCÊNCIA...
SER DESCONFIANÇA...


PUREZA,
QUALIDADE DA ALMA.
EXPERIÊNCIA,
OFÍCIO DA VIDA.
SER INOCÊNCIA,
CIÊNCIA DOS FORTES.


COM FIANÇA
SE SENTEM SEGUROS.
SEM FIANÇA,
POUCOS SE ARRISCAM
SER DESCONFIANÇA,
GARANTIA PARA OS FRACOS.



INGREDIENTES


Otimismo
Segurança
Coragem


MODO DE PREPARAR



            É mais ou menos parecido com o preparo de uma boa moqueca. Antes de tudo, é necessário pescar o peixe. Não é diferente com a moqueca da Confiança. Pesque as experiências desejadas no seu inconsciente. Tente limpá-las retirando das mesmas tudo aquilo que não tem serventia, ou seja, jogue fora as mágoas, raivas, decepções, medos e inseguranças. Esta limpeza se converterá numa grande transformação. Aquilo que era negativo se transformará em positivo, retirando-se de uma experiência somente o que ela tem de bom. Acredito que você também nunca tenha comido um peixe com tripas, ranços e escamas, do exato modo que ele sai do rio. Transformá-lo em algo comestível é o primeiro passo para quem deseja preparar uma boa moqueca.
            Levando para a superfície de sua mente a consciência de que tudo pode ser transformado a seu favor, você estará eliminando todos os seus ranços e as escamas da vida. Feito isso, é só temperar com bastante otimismo o seu peixe. Leve para a panela a experiência pescada pela vida afora, acrescentando junto coragem e segurança, deixando cozinhar até perceber que está no ponto de ser saboreado.
            OBS: Mesmo com aparência saborosa, só depois de provar a sua moqueca da Confiança, você terá a oportunidade de avaliar a qualidade de seu pescado. Pode ser que descubra muitos espinhos ou que se engasgue com alguns deles. Isto não é motivo para você desistir de preparar novas moquecas. Aproveite esta experiência para aprender, gradativamente,  selecionar o peixe mais indicado para o seu gosto e paladar.



SOBREMESA



CAIXA SURPRESA


            Duas moças receberam um presente anônimo e desconhecido, embalado numa linda caixa caprichosamente decorada com papel laminado dourado e fita de seda vermelha. Cada uma teve uma reação completamente diferente frente o presente recebido.
            Em algum lugar desta vida, a primeira recebeu o presente indignada e, com uma expressão insatisfeita, travou um extenso monólogo consigo mesma:
— Como é que alguém pode oferecer-me um presente sem mandar, junto, um cartão? Isto deve ser uma cilada! Alguém deseja me fazer de boba. Mas se acham que eu vou cair nesta, estão muito enganados. Eu não sou idiota não! De boba eu não tenho nada. Mas o que eu fiz com esta pessoa para ela querer me chatear desta forma?
            Cada vez mais irritada, ela olhava colérica para aquela caixa misteriosa tentando levantar suas suspeitas:
— Quem será que fez isto? Deve ser aquela mulherzinha... Eu sempre desconfiei que ela nunca foi com minha cara. Mas pode ser outra pessoa também...Talvez seja aquele covarde, ele nunca tem coragem de assumir aquilo que faz. Coitado, se pensa que vou cair na dele está muito enganado! Mas, pode não ser ele também...
            Quanto mais suspeitas levantava, mais confusa ficava, até que resolveu questionar o conteúdo daquela caixa:
— E o que deve ter dentro desta caixa? Será coisa boa ou ruim? Se fosse coisa boa, ela jamais precisaria se transformar num presente anônimo. E, depois, quem é que me mandaria um presente agora? Não estou comemorando nada. Com certeza, tem uma coisa muito ruim aí dentro. Tenho que me livrar disto rápido, quem me garante que a intenção do dono deste presente não tenha sido livrar-se de mim?
            Tomada de pânico, gritou de maneira ensurdecedora e histérica:
— Socorro! Socorro! Socorro!
            Neste momento, apareceu a empregada da casa, assustada, perguntando:
— Qual o problema, senhora?
— Jogue esta caixa, agora mesmo, dentro do rio. Com certeza, tem uma bomba aí dentro. Se ela explodir aqui em casa, vamos todos para os ares. Ordenou.
— E se esta bomba explodir na minha mão? Perguntou a empregada, temerosa.
— Ou você leva a caixa ou não precisa voltar aqui nunca mais. Decretou a patroa.
— Eu não vou levar nada, não. Prefiro perder meu emprego à minha vida. Finalizou a empregada, saindo em disparada pela porta, sem jamais retornar novamente àquele serviço.
            A patroa, surpresa com o comportamento da empregada, iniciou novamente seu monólogo paranoico:
— Vai ver que é ela quem colocou esta bomba dentro da caixa. Empregados nunca gostam de patrões. Nunca estão satisfeitos com aquilo que fazemos por eles. Ingratos! E, agora, o que vou fazer? Restou para eu mesma dar fim nesta caixa. O melhor que tenho a fazer é tomar as providências agora, antes que alguma coisa horrível aconteça.
            A moça pegou a caixa com todo cuidado, partiu até o rio mais próximo e do alto de uma ponte jogou-a sobre as águas do mesmo. A correnteza foi levando lentamente aquela bela caixa. Livre de um grave problema que julgava ter nas mãos, a moça contemplava de longe a caixa que navegava suavemente como um barco nas águas daquele rio. Contemplando a tranquilidade daquele momento e a beleza da caixa a deslizar pelo leito daquele imenso rio, foi tomada repentinamente por um novo sentimento, que a fez desencadear um novo discurso:
— E se não for uma bomba? Aliás, não me parece uma bomba mais. Se fosse, já teria explodido. Talvez seja uma linda joia preciosa.
            Naquele momento, a moça teve um enorme desejo de pular dentro daquele rio e resgatar aquela caixa, mas já era tarde demais. E assim passou o restou de sua vida se perguntando:
— O que será que havia dentro daquela caixa?
            As suas perguntas eram sempre seguidas de lamentações:
— Talvez a minha felicidade estivesse dentro dela. O rio levou a minha felicidade embora. Que vida!
            Do outro lado da vida, uma outra moça também recebeu um presente anônimo e desconhecido, numa linda caixa caprichosamente decorada com papel laminado dourado e fita de seda vermelha. Surpresa e feliz, tomou o presente em suas mãos, admirando-o e procurando um cartão que pudesse identificá-lo:
— Acho que esqueceram de deixar o cartão. Se não o tiverem perdido, com certeza ele deve estar dentro da caixa. É pesaroso ter que desmanchar um laço tão lindo e toda a decoração desta caixa, mas já não aguento mais de curiosidade para saber o presente que me aguarda.
            Lentamente ia desatando o laço, desembrulhando a caixa e articulando consigo mesma:
— Quem será que teve a gentileza de me agradar com este presente tão belo? São tantas as pessoas maravilhosas que amo, que fica difícil definir quem teria esta ideia. É numa hora dessas que a gente se toca. Presentear alguém sem um motivo aparente é um evento muito especial. Está sendo para mim e com certeza para quem me mandou este presente. Daqui para frente, ficarei mais atenta no sentido de presentear mais as pessoas que amo.
            Lentamente foi abrindo a caixa e, para sua surpresa, não havia coisa alguma dentro da mesma.
— Engraçado, não há nada aqui dentro. Qual o sentido desta caixa para minha vida? Talvez seja importante pensar sobre isto.
            Passou,alguns minutos pensativa e voltou a se indagar:
— Será que fiquei decepcionada? O que eu gostaria de ter encontrado dentro desta caixa? Talvez, o que eu desejei encontrar aí dentro seja o que eu preciso doar para mim. Se eu coloquei meu desejo aí, preciso tomar consciência dele e realiza-lo ao invés de ficar, simplesmente, esperando ele chegar embrulhado numa caixa surpresa. Talvez eu precise me presentear mais. Que descoberta maravilhosa!
            Aquela descoberta lhe caiu como um presente; o melhor que poderia ganhar naquele momento. Satisfeita continuou se perguntando:
— O que uma caixa fechada nos diz? Esta me disse tantas coisas... Quantas coisas podem existir numa caixa... Fico imaginando que a vida e as pessoas são como caixas fechadas. Nunca sabemos ao certo o que se encontra dentro delas. Criamos tantas expectativas com relação ao ser humano e com relação à vida... Algumas vezes, nos surpreendemos, outras nos frustramos. O importante é ter a coragem de abrirmos sempre a caixa que nos é oferecida. Só depois de aberta, saberemos o que se encontra dentro dela.
            Foi ficando cada vez mais curiosa com relação a uma caixa que mesmo aberta e vazia ainda falava muito coisa. O vazio daquela caixa lhe encheu de perspectivas e mais sabedoria com relação à vida.
— E o que uma caixa aberta nos diz? Ela sempre diz muito mais do que aquilo que conseguimos ver com os nossos olhos. Estar aberto é estar receptivo. Uma caixa aberta é uma caixa receptiva a todos os tipos de questionamentos e indagações. Daqui para frente, serei uma caixa aberta. Estarei receptiva e aberta a oferecer o que se encontra no meu interior. Mesmo que eu não tenha tudo, há muito que oferecer. Nunca esquecerei de abrir o meu sorriso, o meu olhar, os meus braços, enfim a minha vida para quem desejar entrar dentro dela.
            Olhando para o vazio daquela caixa, foi repentinamente tomada por uma grande exaltação:
— Eu estava enganada quanto ao vazio desta caixa. Quem disser que neste vazio não existe nada, estará iludido com as aparências. Dentro deste vazio existe uma das coisas mais importantes desta vida. Dentro deste vazio existe o espaço. E dentro deste espaço, eu posso criar e guardar tantas coisas!
            Pegou a caixa com todo carinho, procurando um lugar bem estratégico em sua casa onde a mesma pudesse ser vista e servir de enfeite. Todas as vezes que algum visitante chegava em sua casa e lançava o olhar naquela caixa, comentava surpreso:
— Que linda caixa!
            Quando isto acontecia, repleta de satisfação ela perguntava:
— Adivinhe o que tem dentro dela?
            E assim ela contava e compartilhava com todos a história e o significado daquela caixa. Cada um reagia de uma maneira diferente. Houve muitos que chegaram a lhe fazer a seguinte pergunta:
— E se houvesse uma bomba dentro dela?
            Sabe o que ela respondia?

— Se houvesse uma bomba, ela teria estourado antes que eu pudesse abrir esta caixa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário