“EMBALE A VIDA COM PACIÊNCIA, DEIXANDO-A TÃO TRANQUILA
A PONTO DE ADORMECER, SONHAR OS MAIS BELOS SONHOS PARA ACORDAR CHEIA DE
ENERGIA
PACIÊNCIA
Este alimento lhe proporciona calma, tranquilidade
e a importante capacidade de saber esperar o momento certo para agir ou colher
os frutos de sua ação.
CUSTO
Você paga o preço da espera. Este preço
é alto para quem investe na ansiedade. Todavia, quem direciona seus recursos
aplicando-os na paciência terá a lucratividade da calma, da paz que estará
sempre rendendo juros e correções na poupança de seu coração.
TIRA GOSTO
ADIANTA?
O QUE ADIANTA
ADIANTAR O RELÓGIO
SE LOGO ADIANTE
O SOL VAI SE PÔR
NO SEU PRÓPRIO TEMPO
O QUE ADIANTA
ADIANTAR A VIDA
SE LOGO ADIANTE
ELA VAI SER PERDIDA
JAMAIS REVIVIDA
O QUE ADIANTA
ADIANTAR O PASSO
SE LOGO ADIANTE
HÁ COMPASSOS DE VIDA
CADA VEZ MENORES
O QUE ADIANTA
PRESSIONAR O CORAÇÃO
SE LOGO ADIANTE
ANTE PRESSÃO
ENFARTA
O QUE ADIANTA
ADIANTAR
SE DIANTE DE NÓS
TANTO HÁ
PARA SER VIVIDO E SENTIDO
INGREDIENTES
Doce
calma
Tempero
da tolerância
“Aceite”
paz
Ervas
de serenidade
PREPARO
Para preparar paciência não basta apenas
esperar. É necessário esperar com tranquilidade. Esperar com ansiedade estraga
toda a receita, pois com certeza você terá atitudes que danificarão o alimento.
Você já preparou tomate seco? A receita
da paciência é similar.
Pegue o fruto do nervosismo que existe
dentro do seu ser e retire dele a semente da aflição. Adoce-o com calma e
tempere-o com tolerância. Leve-o ao forno da vida bem aquecido com o calor da tranquilidade.
Deixe seu nervosismo desidratar até secar. Para isto, terá que esperar muito e,
sem ansiedade, pois se ficar abrindo o forno a todo o momento, poderá esfriar a
tranquilidade tão necessária ao importante processo de transformação que deverá
ocorrer. A espera não poderá jamais ser determinada por você. Ela dependerá
exclusivamente do tempo que seu nervosismo necessita para murchar e secar, de
forma a permitir a tão esperada transformação. Assim que seu nervosismo secar,
originará a deliciosa paciência que poderá ser finalmente saboreada.
Preparar paciência é mais que uma arte
culinária, é também uma ciência, pois envolve processos complexos de
transformação. Assim como os tomates secos deverão ficar imersos num azeite de
boa qualidade, deixe também a sua valiosa paciência imersa no “aceite” da
paz, para que possa estar a todo o momento
hidratada com a poderosa ciência da paz, que passará a ser parte importante de
sua constituição. Para ficar ainda mais gostosa, jogue umas ervas de serenidade
para dar um sabor especial.
SOBREMESA
A BOA SEMENTE
Um respeitável mestre abriu uma loja de
sementes. Cada semente que vendia fazia brotar a árvore de um sentimento. Certo
dia, chegou até ele um homem por demais impaciente. Pediu que lhe sugerisse a
semente mais indicada para o jardim de sua vida. Com muita sapiência, o mestre
lhe indicou a semente da paciência. Satisfeito, o homem a levou certo de que
iria colher os frutos mais adequados à sua alma faminta.
Com muito cuidado, semeou a semente da
paciência cuidando da mesma com muito carinho e dedicação. Ansioso por vê-la
brotar, foi se frustrando dia após dia com o marasmo daquela semente que
parecia rejeitar a vida. O tempo passava e ela continuava ali da mesma forma,
contida numa casca dura, difícil de rachar. Dominado pela ânsia, resolveu
procurar o mestre mais uma vez para reclamar o produto adquirido.
—
A semente que me vendeu é improdutiva. Não há nada que a faça germinar. Eu não
a quero! Eu desejo aquela que brote mais rápido dentre todas as sementes que
tiver na sua loja. Ordenou enfurecido.
—
Tem certeza? Perguntou o mestre.
—
Absoluta certeza. Confirmou o homem.
Acatando a solicitação impaciente
daquele homem, o mestre trouxe uma outra semente, oferecendo-a consternado.
—
Aqui está a semente que tanto deseja.
O homem partiu satisfeito com a semente
oferecida pelo mestre, certo de que iria ver finalmente brotar alguma planta no
seu jardim. Jogou-a sobre a terra e antes que dirigisse a ela qualquer cuidado
especial, viu brotar em seus canteiros, como num passe de mágica, centenas de
ervas daninhas.
—
Ervas daninhas! Gritou assustado.
Sem saber o que fazer com a sua
produtiva e inconveniente safra, procurou novamente o mestre, exigindo uma
explicação que fosse razoável e aceitável para tão lamentável fato.
—
Como pôde me oferecer sementes de ervas daninhas? Censurou-o irritado.
—
Eu apenas realizei o seu pedido. Foi você quem me pediu a planta que brotasse
mais rápido — justificou o mestre — A ânsia é a semente mais fácil de germinar
no jardim da vida e parece que você possui um terreno demasiadamente fértil, que
favorece o cultivo dela.
Admitindo sua culpa e sentindo-se
envergonhado, o homem desculpou-se perante o mestre e suplicou sua ajuda.
—
Por favor, me fale como poderei me livrar destas ervas daninhas.
—
Só há uma forma de livrar-se delas. Advertiu o mestre semeando esperança
naquela desiludida alma.
—
Me diga, prometo que farei o que for necessário.
—
A semente da paciência que lhe ofereci anteriormente, quando germinada,
crescerá e sufocará com sua sombra cada erva daninha do seu jardim. Explicou o
mestre.
—
Mas esta semente demora demais para germinar. Questionou-o cheio de
impaciência.
—
Nenhuma outra semente conseguirá sobreviver em meio às ervas daninhas que
semeou. Por mais que cuide delas, morrerão sufocadas e esmagadas pelo aroma e
espinhos da ansiedade que brotou no seu jardim. Apenas a árvore da paciência
consegue suplanta-las. Ela não tem pressa, se desenvolve no seu próprio ritmo e
tempo e não no ritmo imposto por você.
—
Mas eu tenho pressa! Esbravejou aquele homem, desejando uma alternativa mais
viável à sua tamanha ansiedade.
—
Por causa de sua pressa colheu ervas daninhas — Assegurou o mestre. — Por que
tens tanta pressa?
—
Acho que estou com fome. Preciso saborear os frutos da paciência, mas não
consigo esperar. Quem tem fome não pensa em outra coisa que não seja sacia-la.
Olhando a expressão faminta daquele
homem, o mestre teve a impressão de que aceitaria qualquer alimento, mesmo
nocivo, que pudesse encher o estômago vazio de sua alma. Tentando ajuda-lo,
advertiu-o com doçura:
—
Para matar a sua fome, você precisa primeiro preparar o seu alimento. Parece
desejar fazer o caminho inverso.
—
Será que consigo preparar o meu alimento dominado por esta fome que me tira a
força, fazendo-me sentir fraco?
—
Sei que não será fácil, mas com certeza aprenderá a dar mais valor ao alimento
que realmente necessita. Não adianta querer substituí-lo pelas indigestas ervas
daninhas que, além de venenosas possuem um terrível sabor. Finalizou o mestre.
Transtornado, o homem partiu com a boa
semente e com a sua terrível fome. Não sei dizer qual delas venceu a outra. Eu
só sei que já vivi uma história mais ou menos assim e posso lhes garantir que a
casca da paciência é dura de rachar, mas se rompe um dia, bastando apenas que saibamos aceitar e curtir
o momento presente esperando com alegria a gestação de tudo que está por se
desenvolver e tomando o máximo cuidado para não forçar o parto imaturo de tudo
aquilo que não está ainda preparado para viver plenamente.
Quanto à minha fome, ela só terminou no
dia que pude saborear os frutos da árvore
que com tanto zelo plantei. Sabem o que fiz para dominá-la? Preferi
resignifica-la transformando-a num jejum difícil, porém necessário para
purificar a minha alma.