segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PACIÊNCIA



“EMBALE A VIDA COM PACIÊNCIA, DEIXANDO-A TÃO TRANQUILA A PONTO DE ADORMECER, SONHAR OS MAIS BELOS SONHOS PARA ACORDAR CHEIA DE ENERGIA
PACIÊNCIA


         Este alimento lhe proporciona calma, tranquilidade e a importante capacidade de saber esperar o momento certo para agir ou colher os frutos de sua ação.


CUSTO



         Você paga o preço da espera. Este preço é alto para quem investe na ansiedade. Todavia, quem direciona seus recursos aplicando-os na paciência terá a lucratividade da calma, da paz que estará sempre rendendo juros e correções na poupança de seu coração.


TIRA GOSTO


ADIANTA?



O QUE ADIANTA

ADIANTAR O RELÓGIO

SE LOGO ADIANTE

O SOL VAI SE PÔR

NO SEU PRÓPRIO TEMPO


O QUE ADIANTA

ADIANTAR A VIDA

SE LOGO ADIANTE

ELA VAI SER PERDIDA

JAMAIS REVIVIDA


O QUE ADIANTA

ADIANTAR O PASSO

SE LOGO ADIANTE

HÁ COMPASSOS DE VIDA

CADA VEZ MENORES


O QUE ADIANTA

PRESSIONAR O CORAÇÃO

SE LOGO ADIANTE

ANTE PRESSÃO

ENFARTA


O QUE ADIANTA

ADIANTAR

SE DIANTE DE NÓS

TANTO HÁ

PARA SER VIVIDO E SENTIDO



INGREDIENTES


Doce calma

Tempero da tolerância

“Aceite” paz

Ervas de serenidade


PREPARO


         Para preparar paciência não basta apenas esperar. É necessário esperar com tranquilidade. Esperar com ansiedade estraga toda a receita, pois com certeza você terá atitudes que danificarão o alimento.

         Você já preparou tomate seco? A receita da paciência é similar.

         Pegue o fruto do nervosismo que existe dentro do seu ser e retire dele a semente da aflição. Adoce-o com calma e tempere-o com tolerância. Leve-o ao forno da vida bem aquecido com o calor da tranquilidade. Deixe seu nervosismo desidratar até secar. Para isto, terá que esperar muito e, sem ansiedade, pois se ficar abrindo o forno a todo o momento, poderá esfriar a tranquilidade tão necessária ao importante processo de transformação que deverá ocorrer. A espera não poderá jamais ser determinada por você. Ela dependerá exclusivamente do tempo que seu nervosismo necessita para murchar e secar, de forma a permitir a tão esperada transformação. Assim que seu nervosismo secar, originará a deliciosa paciência que poderá ser finalmente saboreada.

         Preparar paciência é mais que uma arte culinária, é também uma ciência, pois envolve processos complexos de transformação. Assim como os tomates secos deverão ficar imersos num azeite de boa qualidade, deixe também a sua valiosa paciência imersa no “aceite” da paz,  para que possa estar a todo o momento hidratada com a poderosa ciência da paz, que passará a ser parte importante de sua constituição. Para ficar ainda mais gostosa, jogue umas ervas de serenidade para dar um sabor especial.


SOBREMESA




A BOA SEMENTE



         Um respeitável mestre abriu uma loja de sementes. Cada semente que vendia fazia brotar a árvore de um sentimento. Certo dia, chegou até ele um homem por demais impaciente. Pediu que lhe sugerisse a semente mais indicada para o jardim de sua vida. Com muita sapiência, o mestre lhe indicou a semente da paciência. Satisfeito, o homem a levou certo de que iria colher os frutos mais adequados à sua alma faminta.

         Com muito cuidado, semeou a semente da paciência cuidando da mesma com muito carinho e dedicação. Ansioso por vê-la brotar, foi se frustrando dia após dia com o marasmo daquela semente que parecia rejeitar a vida. O tempo passava e ela continuava ali da mesma forma, contida numa casca dura, difícil de rachar. Dominado pela ânsia, resolveu procurar o mestre mais uma vez para reclamar o produto adquirido.

— A semente que me vendeu é improdutiva. Não há nada que a faça germinar. Eu não a quero! Eu desejo aquela que brote mais rápido dentre todas as sementes que tiver na sua loja. Ordenou enfurecido.

— Tem certeza? Perguntou o mestre.

— Absoluta certeza. Confirmou o homem.

         Acatando a solicitação impaciente daquele homem, o mestre trouxe uma outra semente, oferecendo-a consternado.

— Aqui está a semente que tanto deseja.

         O homem partiu satisfeito com a semente oferecida pelo mestre, certo de que iria ver finalmente brotar alguma planta no seu jardim. Jogou-a sobre a terra e antes que dirigisse a ela qualquer cuidado especial, viu brotar em seus canteiros, como num passe de mágica, centenas de ervas daninhas.

— Ervas daninhas! Gritou assustado.

         Sem saber o que fazer com a sua produtiva e inconveniente safra, procurou novamente o mestre, exigindo uma explicação que fosse razoável e aceitável para tão lamentável fato.

— Como pôde me oferecer sementes de ervas daninhas? Censurou-o irritado.

— Eu apenas realizei o seu pedido. Foi você quem me pediu a planta que brotasse mais rápido — justificou o mestre — A ânsia é a semente mais fácil de germinar no jardim da vida e parece que você possui um terreno demasiadamente fértil, que favorece o cultivo dela.

         Admitindo sua culpa e sentindo-se envergonhado, o homem desculpou-se perante o mestre e suplicou sua ajuda.

— Por favor, me fale como poderei me livrar destas ervas daninhas.

— Só há uma forma de livrar-se delas. Advertiu o mestre semeando esperança naquela desiludida alma.

— Me diga, prometo que farei o que for necessário.

— A semente da paciência que lhe ofereci anteriormente, quando germinada, crescerá e sufocará com sua sombra cada erva daninha do seu jardim. Explicou o mestre.

— Mas esta semente demora demais para germinar. Questionou-o cheio de impaciência.

— Nenhuma outra semente conseguirá sobreviver em meio às ervas daninhas que semeou. Por mais que cuide delas, morrerão sufocadas e esmagadas pelo aroma e espinhos da ansiedade que brotou no seu jardim. Apenas a árvore da paciência consegue suplanta-las. Ela não tem pressa, se desenvolve no seu próprio ritmo e tempo e não no ritmo imposto por você.

— Mas eu tenho pressa! Esbravejou aquele homem, desejando uma alternativa mais viável à sua tamanha ansiedade.

— Por causa de sua pressa colheu ervas daninhas — Assegurou o mestre. — Por que tens tanta pressa?

— Acho que estou com fome. Preciso saborear os frutos da paciência, mas não consigo esperar. Quem tem fome não pensa em outra coisa que não seja sacia-la.

         Olhando a expressão faminta daquele homem, o mestre teve a impressão de que aceitaria qualquer alimento, mesmo nocivo, que pudesse encher o estômago vazio de sua alma. Tentando ajuda-lo, advertiu-o com doçura:

— Para matar a sua fome, você precisa primeiro preparar o seu alimento. Parece desejar fazer o caminho inverso.

— Será que consigo preparar o meu alimento dominado por esta fome que me tira a força, fazendo-me sentir fraco?

— Sei que não será fácil, mas com certeza aprenderá a dar mais valor ao alimento que realmente necessita. Não adianta querer substituí-lo pelas indigestas ervas daninhas que, além de venenosas possuem um terrível sabor. Finalizou o mestre.

         Transtornado, o homem partiu com a boa semente e com a sua terrível fome. Não sei dizer qual delas venceu a outra. Eu só sei que já vivi uma história mais ou menos assim e posso lhes garantir que a casca da paciência é dura de rachar, mas se rompe um dia,  bastando apenas que saibamos aceitar e curtir o momento presente esperando com alegria a gestação de tudo que está por se desenvolver e tomando o máximo cuidado para não forçar o parto imaturo de tudo aquilo que não está ainda preparado para viver plenamente.

         Quanto à minha fome, ela só terminou no dia que pude saborear os frutos da árvore  que com tanto zelo plantei. Sabem o que fiz para dominá-la? Preferi resignifica-la  transformando-a num  jejum difícil, porém necessário para purificar a minha alma.