quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ENERGIA DIVINA


 

SE EXISTE UMA PERGUNTA SEM RESPOSTA, ESTA PERGUNTA É CERTAMENTE:

— QUEM É DEUS?

QUEM EXIGE UMA RESPOSTA TORNAR-SE-A UM CÉTICO OU UM FANÁTICO

 

 
ENERGIA DIVINA


Trata-se de uma bebida de imenso valor energético. Ela é suave, não causa embriaguez e nem ressacas morais. Quem dela saborear encontrará forças para superar todos os obstáculos que a vida nos impõe. É importante tomar cuidado, pois existem várias falsificações no mercado cujo agente tóxico denominado fanatismo é capaz de deixar não só um indivíduo, mas também grandes massas de pessoas totalmente embriagadas, dopadas e com ressaca.

 

CUSTO



         Por se tratar de uma bebida que deverá ser preparada e enriquecida naturalmente pelo próprio indivíduo e por, concomitantemente, haver poderosos interesses de mercado no sentido de se apoderar da fórmula da mesma e de traficar falsificações, o preço que se paga ao preparar a própria bebida é o de competir com um comércio sujo que fará de tudo para destruir a sua imagem. Por ser mais fraco em termos de valor de mercado, você corre o risco de ser rotulado de herege. No entanto, por ser mais forte em termos de dignidade, você com certeza descobrirá que vale à pena pagar o preço.

 

TIRA GOSTO

 


DIVINA LUZ

 


ÉS A MINHA FONTE INSPIRADORA

ÉS A MINHA VERDADE MUTÁVEL

MUTÁVEL COMO A VIDA

MUTÁVEL COMO O UNIVERSO

MUTÁVEL COMO SI MESMO

 

ÉS A FORÇA QUE ME DETERMINA

ÉS A ENERGIA QUE ME IMPULSIONA

IMPULSIONA A REFLETIR

IMPULSIONA A QUESTIONAR

IMPULSIONA A AGIR

 


ÉS

SEM PRECISAR SER

SER SOBRENATURAL

SER SOBERANO

SER DIVINO

 

ÉS POR TODOS

ÉS POR TUDO

TUDO QUE EXISTIU

TUDO QUE EXISTE

TUDO QUE EXISTIRÁ

 

ÉS PRESENÇA

PASSADA

PRESENTE

FUTURA

ONIPRESENÇA

 

ÉS REPLETO

ÉS VAGO DEMAIS

DEMASIADAMENTE COMPLETO

ININTELIGÍVEL

À NOSSA VAGA INTELIGÊNCIA

 

ÉS PALAVRA

ÉS A FALTA DELA

SEM SIGNIFICADO

PORÉM SIGNIFICATIVO

EXPRESSIVAMENTE ACEPTIVO

 

ÉS SIMPLESMENTE

ÉS DEFINITIVAMENTE

DEFINITIVAMENTE SEM CONCEITO

DEFINITIVAMENTE SEM EXPLICAÇÃO

DEFINITIVAMENTE SEM SENTIDO

 

SEM SENTIDO

ÉS APENAS SENTIDO

O QUE FAZ SENTIDO

MUITO SENTIDO

SENTINDO

 

INGREDIENTES

 


Só fé e nada mais.

 


PREPARO
 

         Para preparar esta bebida você terá primeiro que colher a fruta preciosa da mesma. Esta fruta se encontra no quintal da vida. Caso você pense não possuir este quintal é porque está de certa forma morto. Sendo assim, será preciso ressuscitar, pois a vida é um quintal com infinitas árvores. Se estiver morto, tente descobrir quem lhe assassinou. Muitas pessoas são mortas ao ingerir crenças, dogmas, enfim por uma infinidade de valores, padrões doentios que servem muito mais ao outro do que a si mesmo. Ao descobrir seu assassino, mande-o para o inferno que o habita e apodere-se finalmente de seu paraíso. Ao entrar em seu paraíso, você descobrirá que ele não é nada mais, nada menos do que a sua própria vida. Neste momento você se lembrará de que todas as vezes que viveu o inferno foi por ter delegado sua própria vida a pessoas manipuladoras que julgavam poder direcioná-la ao seu bel prazer.

         Neste paraíso que eu chamo de quintal da vida existe bem na entrada uma árvore frondosa com os frutos da fé. Basta saboreá-los para que você possa encontrar em seguida a árvore cujo suco contém a tão valiosa energia divina, pois o sumo da fé é que lhe direcionará exatamente ao local onde você precisa estar. O mais interessante é que não existe uma regra rígida. O fruto que contém a energia divina pode estar em qualquer árvore e em qualquer lugar. Tudo vai depender muito do seu momento presente; da sua abertura e da sua necessidade atual. Assim que encontrar o fruto com a energia divina, esprema todo caldo que tiver dentro dele fazendo uma bebida bem apetitosa capaz de estimular todos os seus sentidos e sensações. Deleite-se com este inesquecível prazer sem jamais abrir mão da energia que sentirá fluir dentro de seu ser, agora mais forte e pleno.



SOBREMESA

 
 

O LAMPIÃO MÁGICO



          Era uma vez um certo lugar aonde as pessoas chegavam e ganhavam de presente um lindo lampião mágico. Dentro dele vivia uma luz capaz de iluminar todos os caminhos que levavam à felicidade. Tamanho era o poder deste lampião que muitos  chegavam a acreditar que Deus morava dentro dele, no entanto, havia também os que duvidavam simplesmente por alimentar a crença de que Deus habitava um paraíso muito distante onde poucos poderiam chegar. Aquelas pessoas que acreditavam na presença de Deus no lampião tratavam de cuidar bem do mesmo e manter a luz sempre acesa.  Encaravam-no como uma bússola da felicidade e tratavam de explorar todos os caminhos e direções que a vida lhes oferecia sempre com o lampião à mão. Aquelas que acreditavam na presença de Deus no paraíso, passavam uma vida inteira fazendo promessas, reparando culpas, trabalhando pelo futuro na esperança de um dia poderem desfrutar de um prazer que jamais se permitiam desfrutar no presente. Estas pessoas menosprezavam o seu lampião a ponto de deixa-lo largado em um canto qualquer deste mundo, pois o único mundo que lhes interessava estava sempre muito além.

O tempo, companheiro de todos, sempre vai passando devagarzinho sem que ninguém perceba. Andando sem fazer rumor e com muita sutileza, promove em algum momento o inesperado e surpreendente encontro com a eternidade. Diante de tal surpresa, muitas pessoas se sentem traídas pelo mesmo, inaugurando um conflito que as impedem abraçar a eternidade neste inesquecível encontro que pode ser triste ou alegre dependendo da descoberta que cada um faz. E foi assim aconteceu uma interessante conversa em algum lugar e em algum momento.

— Quem é você? Perguntou um homem.

— Eu sou a Eternidade.

— O que estou fazendo aqui?

— Você é quem deveria saber! Respondeu Eternidade.

— Por que eu é que tenho que saber o que estou fazendo aqui? Perguntou com ar petulante o recém chegado daquele lugar novo e desconhecido.

— Porque é você quem está aqui agora! Afirmou Eternidade.

— Onde estou?

— Você está aqui! Respondeu cheia de convicção a desconhecida Eternidade.

— É claro que estou aqui. Quero saber que lugar é este. Falou impacientemente o homem.

— Este lugar é o lugar que ocupa agora! Respondeu com serenidade a voz da Eternidade.

— Mas o que é que posso fazer neste lugar?

— O que você quiser!

— Mas eu não quero fazer nada! Respondeu o homem com muita raiva.

— Então não faça nada! Aconselhou Eternidade.

— Eu quero que me digam o que devo fazer!

— Então diga a si mesmo o que acha que deva fazer!

— Eu não sei o devo fazer e não estou acostumado a dizer nada a mim mesmo. Sei apenas dizer ao outro o que fazer. Sendo assim, me diga agora o que devo fazer! Ordenou com firmeza aquele novato homem que começava a se enfurecer com as vagas respostas da Eternidade.

— Epa, mais um! Provavelmente você não saiba o que queira fazer por nunca ter feito o que realmente quis – Pontuou Eternidade querendo esclarecer algo que lhe parecia bem comum de acontecer ali.

— E o que eu realmente quis e não fiz? Perguntou com sarcasmo o homem

— Isso só você sabe.

— Pois saiba que sempre quis dar ordens e sempre fiz isto muito bem.

— Talvez precise agora dar ordens a si mesmo. Ponderou Eternidade com sabedoria.

— Eu nunca fiz isto e nem pensei nunca nisto... Divagou pensativo o homem arrogante.

— Em que você pensava?

— Eu pensava fazer aquilo que aprendi ser correto fazer.

— O que é correto? Perguntou Eternidade com ar de questionamento.

— Correto é tudo aquilo que vem de Deus.

— Então você sabe que deva fazer aquilo que vem de Deus! Esclareceu Eternidade tentando ajudá-lo.

— Sei.

— E por que não faz? Questionou Eternidade.

— Sei que o correto é fazer o que vem de Deus, mas não sei o que fazer agora. Falou decepcionado aquele homem que se julgava tão certo de si.

— Talvez você não saiba o que vem de Deus. Inferiu Eternidade.

— Eu sei sim! O que vem de Deus é tudo que me falaram, é tudo que escutei a minha vida inteira.

— Então faça o que lhe falaram! Recomendou Eternidade.

— O que me falaram não faz mais sentido aqui neste lugar.

— Mas, por que perdeu o sentido logo agora?

— Porque eu não tenho o que fazer aqui para garantir meu lugar no paraíso. Respondeu o homem cheio de desilusão.

— Onde é o paraíso? Perguntou Eternidade

— É o lugar onde Deus mora.

— Onde Deus mora?  Voltou a perguntar tentando questiona-lo.

— Em algum lugar. Respondeu confuso.

— Mas, algum lugar é um lugar que não existe! Advertiu Eternidade.

— Como assim?  Perguntou o homem com uma expressão confusa.

— Ninguém pode ocupar algum lugar. Todos nós só ocupamos o lugar que estamos nele no momento. E é neste lugar que devemos construir o nosso paraíso. Orientou Eternidade àquela alma tão desavisada.

— Para que construir um paraíso se eu posso usufruir o paraíso de Deus? Ironizou o homem.

— Você já usufruiu em algum momento do paraíso de Deus? Retorquiu Eternidade.

— Não, mas me certificaram a vida inteira de que algum dia isto seria possível.

— Mas, algum dia é também um dia que não existe! Voltou adverti-lo aquela presença tão questionadora.

— Que dia existe então?  Perguntou o homem com um tom desafiador.

— Existe o agora para sempre. Respondeu Eternidade com toda segurança tentando clarear as ideias confusas daquele homem.

— Acho que estou começando a entender... Você está tentando me dizer que não existe algum lugar paradisíaco que eu possa viver algum dia?

— É isto mesmo. Viver é estar presente, o resto é pura fantasia.

— Quem me garante que você é portadora da verdade divina? A verdade que ouvi é totalmente diferente de tudo isto que você me diz agora e eu prefiro continuar acreditando naquilo que eu ouvi. A verdade de Deus é suprema. Contrapôs o homem desconfiado.

— Então continue acreditando naquilo que ouviu. Se isto lhe deixa mais seguro...

— Mas o problema é que não me sinto mais seguro. Desabafou o homem.

— Sinto muito por você pelo fato da verdade divina não ter tido o poder de lhe trazer segurança. Ressentiu Eternidade.

— Mas eles sempre me garantiram que tudo aquilo que eu ouvia me traria a segurança que todo ser humano busca.

— O que você ouviu foi dito por quem? Perguntou a voz Eterna.

— Por eles, ou seja, por inúmeras pessoas que cruzaram o meu caminho dizendo saber qual o caminho certo e garantido da vida.

— Então você não ouviu de Deus? Indignou-se Eternidade.

— Eu ouvi através deles o que Deus falava. Justificou o homem.

— Por que Deus só disse a eles e nunca a você?

— Eu é quem vou saber?

— Quem mais poderia? Censurou Eternidade.

— Só Deus. Respondeu o homem.

— Então pergunte pela primeira vez a Deus alguma coisa!

— O que eu devo perguntar?

— Tudo aquilo que deseja saber. Respondeu Eternidade

—E o que é importante saber? 

— É importante saber o que é importante para você.

— Mas eu não sei o que é importante para mim.

— Você não sabe o que é importante para você? Fitou-o perplexa aquela voz tão questionadora.

— Eu sei o que é importante para os outros. Aprendi através do outro o que era importante para mim e aprendi também a dizer a eles o que supostamente era importante para eles.

— Aqui não existe mais este outro que você tanto fala.

— E o que existe aqui?

— Existe o que você consegue enxergar e sentir.

— Eu não consigo enxergar e sentir nada. Falou o homem cheio de desânimo.

— Este nada é o que você conseguiu alcançar. Esclareceu com firmeza a voz da Eternidade.

— Não! Você está totalmente enganada! Eu consegui alcançar muitas coisas. Eu sou um homem vitorioso. Tenho títulos, bens, dinheiro, uma família, amigos e muito mais.

— Me mostre tudo isto que alcançou. Desafiou Eternidade.

— Eu não tenho como lhe mostrar isto agora. Ressentiu o homem.

— Se isto lhe pertencesse você deveria ter como me mostrar.

— Não sei como explicar, mas tudo ficou perdido em algum lugar.

— Onde? Perguntou Eternidade

— Sei lá. Talvez alguém tenha me roubado tudo isto.

— Quem faria isto?

— Você. Só pode ser você! Foi só me deparar com você e tudo perdeu o sentido. Quem é você?

— Eu já lhe disse, sou a Eternidade.

— Eternidade é um tempo que não existe. Expressou com escárnio tentando desqualificar Eternidade.

— Qual tempo existe mesmo? Perguntou Eternidade querendo checar o poder de assimilação daquele homem.

— Você acabou de me dizer que o agora é o único tempo que realmente existe, já que o passado passou e o futuro não chegou ainda. No entanto, tenho que admitir a minha dificuldade para entender isto na prática.

— Mas agora poderá entender perfeitamente,  pois  este  agora se eternizou para você.

— Eu não sei viver este agora. Sempre desprezei este momento.  Eu quero meu passado e um futuro brilhante para mim.

— Foi o que você sempre fez e o que não dá para fazer agora. — Ponderou Eternidade.

— E o que dá para fazer agora? Perguntou o homem cheio de curiosidade.

— Dá para fazer o que tiver vontade!

— Eu tenho vontade de viver o meu passado e o meu futuro. Afirmou o homem num tom de exigência.

— Eu já lhe disse que estes tempos não existem aqui.

— Eu não quero viver agora! Berrou o homem.

— Então, morra! Retrucou Eternidade.

— Eu não quero morrer.

— Deverá morrer para trazer de volta o que deseja.

— A morte trará de volta a vida? Perguntou o homem inundando-se de esperança.

— Não, pois não é bem a vida o que você deseja. A morte lhe trará de volta o que lhe matou em vida. Esclareceu Eternidade. É isto que deseja?

— Eu prefiro a morte a esta vida aqui.

— Então você optará pela morte e renegará novamente a vida?  Perguntou perplexa Eternidade.

— Mas eu nunca neguei a vida! Afirmou o homem.

— Como já lhe disse, vida só acontece no presente, o restante são lembranças ou fantasias. Você negou o seu presente deixando-o jogado em um canto qualquer do mundo.

— Que presente é este?

— Aquele que Deus oferece a todos. O seu lampião mágico. Elucidou Eternidade.

— Para que serve um lampião?

— Para iluminar o seu caminho.

— Eu não preciso de um lampião para iluminar o meu caminho, ele sempre foi muito claro.

— Engano seu. Você abandonou o seu lampião e a escuridão fez com que buscasse a segurança trilhando o caminho do outro. É preciso que encontre o seu lampião para conquistar finalmente a clareza que lhe falta agora.

Inesperadamente, foram interrompidos por um jovem que se aproximou carregando com reverência um lindo lampião. Com um ar de felicidade e prazer falou exultante:

— São tantas as belezas e os prazeres deste lugar! Mais um paraíso!

— Mais um paraíso? Interrogou-lhe surpreso o homem.

— Mais um paraíso dentre os muitos que já passei. Completou o jovem dono do lampião.

— O que você vai conseguir fazer aqui?

— Eu já estou fazendo tudo que tenho vontade.

— Você não se considera um egoísta fazendo tudo que possui vontade?

— Egoísta, como assim? Perguntou o jovem.

— Como fica os outros com você fazendo apenas as coisas que tem vontade?

— Os outros também podem fazer aquilo que possuem vontade. Afirmou o dono do lampião.

— E o que você tem vontade? Perguntou o homem.

— Tenho vontade de ser o que realmente sou.

— O que você é?

— Sou aquilo que descubro a cada momento.                         

— E o que você descobriu de você até agora? Perguntou o homem cheio de indignação.

— O grande prazer de me conhecer.

— E os desprazeres?

— Os desprazeres acontecem principalmente quando descuidamos do nosso lampião a ponto da nossa luz apagar nos obrigando a seguir a trilha do outro. Explicou o jovem.

— Isso já aconteceu contigo? Perguntou curioso identificando-se com a situação exposta pelo jovem.

— Algumas vezes.

— E o que você fez para encontrar seu lampião de novo?

— Tive que aceitar andar por algum tempo no escuro, mas levando comigo a clara meta de buscar a luz. Respondeu o jovem externando humildade.

— E como se faz isto?

— Tendo a coragem como parceira nesta busca.

— E onde podemos encontrar a coragem? Perguntou o homem.

— Apenas diante do medo.

— Você já teve medo?

—Algumas vezes.

—Pois eu nunca tive. Vangloriou-se o homem tentando, inutilmente, se sobressair sobre o jovem.

— Pois eu tive medo, enfrentei e conquistei a coragem que me permitiu encontrar meu lampião todas as vezes que o perdi.

— Quando é que se tem medo? Perguntou o homem temeroso pela resposta.

— Diante do desconhecido.

— E o que é o desconhecido?

— Talvez seja aquilo que lhe faltou conhecer.

— E o que me faltou conhecer? Perguntou o homem com ar irônico.

— Aquela presença discursada por muitos, mas praticada e vivida por poucos. Conjeturou o dono do lampião.

— Que presença?

— A presença de Deus dentro de si e não somente fora.

— Mas como você pode dizer isto?

— Digo isto porque vejo você sem o seu lampião. Finalizou o jovem.

Antes que a conversa pudesse ter continuidade, Eternidade solicitou que cada um retomasse  o seu caminho. Só Deus sabe o caminho que cada um deles tomou.