domingo, 26 de agosto de 2012

TRANSCENDÊNCIA



O ALÉM É O PRÓXIMO E SÁBIO PASSO PARA QUEM ALCANÇOU SEUS LIMITES OU DEPAROU-SE COM O TRISTE E LAMENTÁVEL FIM”




TRANSCENDÊNCIA



        Trata-se de um coquetel capaz de ascender a sua visão de mundo e da própria vida, fazendo-o enxergar além daquilo que usualmente está habituado a enxergar. Ampliando sua visão, você passará a perceber e sentir o novo, adentrando-se no além de tudo aquilo que já está cansado de viver e podendo, finalmente, alcançar a iluminação que lhe fará sentir eternamente vivo.



CUSTO

       

        Se paga o preço da cura da miopia que não lhe permitia enxergar o que parecia distante, mas que na verdade estava bem próximo querendo se exercer. Com isso, perde-se o álibi de fingir-se cego para facilitar e justificar aquilo que não deseja ver e viver.



TIRA GOSTO


ALÉM


QUIS SER UM POUCO MAIS DO QUE EU
TRANSFORMEI-ME NAQUILO QUE SEREI
MESMO ANTES DE SER
DOU-ME CONTA QUE SOU


SOU O VERBO
CONJUGADO EM TODOS OS TEMPOS
VERBO TRANSCENDER
QUE ME PERMITIU SER ANTES

ME VEJO ESCRITORA
ANTES DE SÊ-LA
E ASSIM CONSTRUO MEU LIVRO
PARA ABRIGAR A IDÉIA DE SÊ-LA


CRESCE A IDÉIA
CRESCE A POSSIBILIDADE
DE TRANSCENDER MEU PRESENTE
PRESENTEANDO-O COM O LIVRO DO FUTURO


NÃO PUS O PÉ NO FUTURO
TROUXE-O PARA O PRESENTE
FIZ O PRESENTE SE TRANSFORMAR
EM ALGO MAIS QUE ELE MESMO


NO LIVRO DO FUTURO
ESTÁ ESCRITO
VIVA SEU PRESENTE
MAS, TRANSCENDA-O


TRANSCENDER
CULTIVAR POSSIBILIDADES
O PRESENTE FICA MAIS PRESENTE
COM A POSSE DE NOVAS HABILIDADES


HABILIDADE DE IR ALÉM
ALÉM DO PASSADO, PRESENTE, FUTURO
CRIAR UM TEMPO A MAIS
SÓ PARA VOCÊ


HABILIDADE DE SER ALÉM
ALÉM DA FORMA PERFEITA E IMPERFEITA
CRIAR UMA FORMA
QUE SEJA SÓ SUA


HABILIDADE DE TER
ALÉM DE TUDO
CRIAR O NADA
NADA QUE LHE LIMITE


INGREDIENTES

                                                                                                            
Ilimitado desejo de ir além
Doses caprichadas de plenitude


PREPARO

       

Da mesma forma que se bate em um liquidificador os ingredientes de um coquetel de frutas, você deverá deixar que o seu coração bata bem forte todo o desejo que existe dentro de seu ser de ultrapassar todos os limites que a vida lhe impõe. Acrescente algumas doses de plenitude impedindo que seu coquetel coalhe. Se o seu coração não tiver força para bater todos os seus desejos, é melhor não tentar fazer este coquetel, pois o máximo que conseguirá preparar será um suco bem ralo com sabor de limites, adocicado com uma dose bem grande de frustração.
O coquetel da transcendência deverá ser tomado em taça de cristal para apurar ainda mais o sabor de ultrapassar os limites e não em copo de plástico como os habituais refrescos cujos frustrantes sabores se situam sempre aquém daquilo que desejamos no nosso mais íntimo ser.
O efeito do coquetel poderá lhe gerar temporariamente uma sensação de insegurança gerada pela perda de controle daquilo que precisa se exercer. Não se preocupe, pois nenhum mal poderá lhe acontecer. Pelo contrário, você estará conquistando a grande capacidade de se exercer sem controle.
Um brinde à sua infinita capacidade de SER e se “exerSER”.



SOBREMESA



A MISSÃO DA VELA


 Vou contar a história de uma vela de sete dias. Vivia junto com as outras velas sem saber ao certo a sua função. Fria e apagada, parecia mais a morte do que a vida. Vela para sentir-se viva precisa de luz. Sem luz, sentia-se triste, feia e inútil.
Certo dia sentiu uma mão trêmula a tocá-la. Observou bem e viu-se diante de uma mulher a chorar. Suas lágrimas  escorriam pelo rosto consumindo toda a expressão de felicidade e beleza que possuía. A vela enxergou no fundo dos olhos daquela mulher o desespero. Viu a última chama de vida de alguém se consumindo e percebeu que poderia ser uma chama de esperança para aquele frágil ser que ajoelhado rogava para a chama divina uma luz que pudesse iluminar as trevas de sua alma. A vela foi acesa pela tão apagada alma e passou a ter, partir daquele momento, a sublime e nobre missão de representar a esperança e a luz. No entanto, não sabia ainda as implicações desta missão para a sua própria vida. Sete dias foram suficientes para que pudesse aprender muita coisa.
No primeiro dia ficou fascinada com a sua luz. Sentia-se viva e irradiante. Perguntou a Deus porque se sentia tão bela e ele respondeu:
— Belo é aquele que vive e aprecia a sua luz.
Entendeu assim que não há razões para a beleza, ela está presente em tudo ou poderá não estar presente em nada. É necessário ter olhos iluminados para adquirir a capacidade de enxergá-la.
No segundo dia sentiu-se aquecida. Derretia-se de felicidade ao perceber que além de luz irradiava calor. Perguntou a Deus porque se sentia tão feliz e ele respondeu:
 — Você é feliz porque liquidou toda frieza que existia em si.
         Sentiu-se orgulhosa de ter conquistado a capacidade de ultrapassar a frieza que habitava o seu ser, no entanto, não sabia ao certo como foi adquirindo esta capacidade. Começou a ficar mais atenta a tudo que acontecia ao seu redor, percebendo no 3º dia uma pequena diferença. Começou a sentir-se pequena, bem menor do que era antes da sua primeira chama ser acesa. Perguntou a Deus porque se sentia assim e ele respondeu:
 — Você é pequena quando não consegue enxergar dentro de si. As aparências enganam!
         Nunca ninguém lhe havia ensinado a enxergar dentro dela mesma. Como haveria de aprender isto?  Quem haveria de ensiná-la? Sabia que se continuasse a olhar apenas para fora, haveria de chorar muito. Seria consumida por suas lágrimas, pela sua tristeza. Precisava arranjar uma saída, não queria acabar assim. Lembrou-se da sua missão. Percebeu que sua missão era o seu trabalho e que o mesmo poderia desviar a sua atenção para algo que valesse à pena e não gerasse tanto sofrimento. Concentrar a sua atenção na sua pequenez era optar pela miserabilidade. Determinada, optou por transformar as lágrimas em suor. O trabalho de construir uma esperança a fazia suar, suar, suar... Seu suor escorria fartamente pelo seu corpo quando, no 4º dia, fez uma nova pergunta  a Deus numa tentativa de avaliar o seu labor:
— De que vale o meu suor?
Imediatamente, Deus lhe respondeu:
 — Seu suor vale a esperança que constrói a tranquilidade e o sossego para uma alma aflita.
         Sentindo que seu suor valia à pena, continuou o seu trabalho. O tempo ia passando e o corpo daquela vela já não era o mesmo. Apesar de sua chama continuar forte, seu corpo foi ficando cada vez mais frágil e pequeno. Já no 5º dia foi tomada por uma inquietante consciência de que sua própria chama consumia seu corpo. Teve vontade de apagá-la. Talvez assim continuasse viva. Por medo da morte, pensou que certamente fosse mais seguro manter-se apagada. Suplicou a Deus que lhe desse um sopro. Confuso, Deus perguntou-lhe:
— De que lhe valeria meu sopro?
— O seu sopro me protegeria da morte. Apagada, eu não seria mais consumida pela minha chama. Respondeu confusa, aquela velinha, querendo se apegar a algo que lhe desse segurança. Tentando clarear as ideias da mesma, Deus salientou com sabedoria:
— Apagado está aquilo que já se encontra morto. Será que não percebe que sua luz é a sua vida?
— Mas, a minha luz não é eterna, ela se apagará assim que meu corpo definhar. Completou a velinha repleta de ansiedade e angústia.
— Você está sendo totalmente contraditória. Se tem medo de sua luz se apagar, porque suplica pelo meu sopro?  Questionou a voz divina.
— Porque apagando-a, eu teria condição de salvar pelo menos alguma coisa . Justificou a vela.
— Que coisa você julgaria salvar? Perguntou novamente o ser divino.
— O meu corpo. Respondeu prontamente a vela.
—  Como já lhe disse, um corpo apagado é um corpo sem luz. Um corpo sem luz é um corpo morto. Sem luminosidade, ele não enxergaria jamais a beleza. Sem a chama do seu calor, não sentiria a irradiante felicidade que você experimentou. Não seria capaz nem mesmo de sofrer, chorar. Seria inerte, desconheceria o suor de seu trabalho. Você deseja o impossível. Não há como salvar um corpo morto. Sem luz, um corpo não tem vida.
— Então não há nada que eu possa fazer? Perguntou a velinha num tom de desilusão que fazia pena.
— Há ainda muito que fazer. Respondeu Deus, acendendo a esperança na desiludida vela.
— O que posso fazer?
— Aprender a aceitar o que é finito e o que é eterno. Respondeu o Divino
— Finito é meu corpo. O que seria eterno?  A minha luz é que não pode ser, pois ela se apagaria juntamente com meu corpo. Conjeturou a vela, tentando compreender conceitos tão complexos.
 Tentando oferecer para a vela uma definição que pudesse tranquilizá-la, a sabedoria divina tentou esclarecer:
— Eternidade é permanência.
— Continuo não entendendo nada. Explique-me isto melhor! Solicitou ansiosamente a velinha que diminuía de tamanho, tornando-se cada vez mais pequenina a cada minuto que passava.
—  Permaneça e verá. Finalizou com firmeza a voz divina.
O medo da vela era bem maior do que a tranquilidade que a sabedoria divina tentava transmitir-lhe. Pensar em mais um dia de vida fazia a sua chama tremer. Queria parar no tempo ou voltar, se fosse possível. Não sabia quanto tempo de vida teria, sabia apenas que iniciava o seu sexto dia de luz. Desesperada, chegou ao cúmulo de amaldiçoar a sua chama luminosa. Lembrou-se da irradiante beleza e alegria dos seus primeiros dias de luz. Agora estava ali, irradiando tristeza e se consumindo cada vez mais nela. Iniciou um choro compulsivo, que transformou seu corpo num emaranhado de lágrimas. Difícil era identificar os limites do corpo e das gotas segregadas pelo seu humor deprimido. Tudo parecia uma coisa só. Chorando, sem controle e impotente para reverter o inevitável, permaneceu ali quietinha, aguardando o seu fim.
Já quase se apagando, no seu 7º dia de vida, sentindo sua chama trepidando,
conquistou, enfim,  o poder de permanecer. Sem lágrimas e sem corpo, se apossou apenas de uma chama que se sustentava no vazio. Neste momento, vazia de súplicas e lamentações, permaneceu. Envolvida por um silêncio confortante, foi surpreendida, repentinamente, por uma enorme chama que, além de luz, emanava uma linda oração:
OBRIGADA, SENHOR, POR TER ME REVELADO O SENTIDO DA VIDA.
OBRIGADA POR UMA SIMPLES VELA TER SIDO CAPAZ DE EMANAR A LUZ NECESSÁRIA PARA A MINHA MAIS RECENTE DESCOBERTA.
A CHAMA DESTA VELA ETERNIZOU-SE, TRANSFORMANDO-SE EM SABEDORIA.
DESCOBRÍ QUE VIVER É PERMANECER ACESO.
DESCOBRÍ QUE MORTO ESTÁ AQUELE QUE APAGOU A SUA LUZ PARA ECONOMIZAR O QUE É FINITO.
DESCOBRÍ QUE O TÃO TEMIDO INEVITÁVEL É, NA VERDADE, UM MOMENTO DE TRANSFORMAÇÃO.
DESCOBRÍ NA MINHA TRANSFORMAÇÃO A MINHA PERMANÊNCIA.
DESCOBRÍ NA MINHA PERMANÊNCIA A MINHA ETERNIDADE.
DESCOBRÍ NA MINHA ETERNIDADE A TUA LUZ.
DESCOBRÍ NA TUA LUZ A MINHA TRANSCENDÊNCIA.
     Findou-se a oração e o medo da vela. Daquele dia em diante, ela nunca mais temeu sua chama.





















segunda-feira, 13 de agosto de 2012

RESPEITO




“O RESPEITO TRANSFORMA NOSSAS IMPERFEIÇÕES EM CRESCIMENTO; A AUSÊNCIA DELE, EM DESTRUIÇÃO"



RESPEITO


         Respeito é um alimento que lhe provoca a agradável sensação de dignidade revigorando ainda mais o seu ser com a fortalecedora credibilidade que possui por si mesmo e dos outros pela sua pessoa.



CUSTO




         O preço que se paga é a perda da arrogância e da prepotência que lhe faz, erroneamente, usar a munição da ofensa, do preconceito e da indiferença pensando ser melhor e mais digno do que o outro.





TIRA GOSTO



A DESPEITO DE TUDO



SE NÃO ME DIZ RESPEITO

NÃO HEI DE RESPIRAR O DESPEITO

ABRIGANDO EM MEU PEITO

A FALTA DE RESPEITO

DE QUEM PEITO NÃO TEM

PARA RESPEITAR

E A DESPEITO DE TUDO

AINDA HEI DE RESPEITAR

NO FUNDO DE MEU PEITO

O DESPEITADO QUE RESPEITO

NÃO APRENDEU A CULTIVAR





INGREDIENTES



Grãos da flexibilidade

Aquosa humildade

Suculenta empatia



PREPARO



        
Comida árabe é bem gostosa, e o quibe tem o seu lugar. Bem semelhante ao preparo do mesmo, o respeito tem também o seu lugar no cardápio da alma.

         Coloque o trigo de sua arrogância e de sua prepotência por bastante tempo na aquosa humildade. Este procedimento inicial dará origem a uma importante transformação. Os duros e rígidos grãos de prepotência e arrogância ficarão fofos e macios transformando-se em grãos de flexibilidade. Junte a estes novos e flexíveis grãos a suculenta empatia, amassando-os de maneira a formar os bolinhos do respeito.  Usando o tempero do amor, eles ficarão ainda mais apetitosos e saudáveis. O fogo do calor humano esquentará a oleosa consideração que, depois de aquecida, fritará os deliciosos bolinhos, deixando-os no ponto certo para serem saboreados.



SOBREMESA




O FRUTO DO AMOR



         O que ele mais desejava era ser respeitado. Dirigiu-se ao mestre mais uma vez para pedir orientações que lhe pudessem assegurar o direito ao respeito que sempre sonhou. Já desanimado, desabafou com o mesmo o seu desatino para com esta busca.

— Já tentei buscar o respeito de todas as formas e até hoje não o encontrei. Ao final de cada busca o que me resta sempre é um grande vazio. Afinal de contas, o que me falta?

— O que você possui? Perguntou o mestre.

— Tenho armas, dinheiro, fama e poder; tudo que um homem precisa para ser respeitado.  Respondeu o homem.

— Mas, o respeito não exige nada disto. Contrapôs o mestre — O que te fez pensar que estas coisas fariam de você um homem respeitado?

— Possuidor de muitas armas, pensei que jamais seria combatido pelo outro. As minhas chances de sair sempre vencedor numa situação de conflito aumentariam significativamente e poucos seriam aqueles que teriam condições de igualar a mim na força bruta. Mas, com todo este arsenal bélico, me sinto frágil e percebo que não obtive o respeito que tanto sonhei. Lamentou o homem.

— Desta forma, você conseguiu conquistar apenas o medo das pessoas. Medo e respeito são bem diferentes e acho que já conseguiu perceber isto. Fale-me agora das outras coisas que você adquiriu para conquistar o respeito. Solicitou o mestre lamentando a ignorância daquele homem.

— Eu adquiri muito dinheiro. Consegui comprar tudo que desejei. Até mesmo pessoas se venderam para mim. Só não consegui comprar o respeito destas pessoas.

— O máximo que você conseguiu conquistar foi o interesse delas pelo seu dinheiro e não pela sua pessoa. Elucidou o mestre.

— Isto nos dá um vazio enorme. Sentia-me vazio mesmo tendo tanta coisa e a sensação de abandono só ia crescendo dentro de mim. Mesmo quando adquiri fama e me via rodeado de pessoas, percebia que elas só queriam o meu lugar e nada mais.

— A fama só lhe garantiu a inveja dos outros. Saiba que a inveja não suporta o respeito; os dois jamais viverão em parceria. Garantiu o mestre.

         Por alguns minutos aquele homem chorou muito lamentando a sua triste condição. Ao invés de respeito, sentia-se humilhado e abandonado. Ainda em prantos continuou seu desabafo:

— O poder também me pertenceu. Pude mandar e criar indivíduos servis. Só não consegui ter poder sobre a minha pequenez e jamais consegui criar dentro de mim o homem que sempre sonhei. Se as armas, o dinheiro, a fama e o poder não me proporcionaram o respeito que tanto desejei, o que devo procurar agora? Implorou o homem, esperando uma resposta que pudesse servir de referência para sua vida.

         O mestre pensou e depois de um minuto de silêncio pronunciou-se:

— Procure primeiro o respeito que você perdeu por si mesmo.

— Você está querendo dizer que eu não me respeito? Perguntou o homem indignado.

— Se você nem sabe ainda o que é respeito, como poderia estar se respeitando? Indagou o mestre.

         Pensativo, o homem se limitou a observar o mestre como se estivesse tentando captar a essência de seu ser. Depois de algum tempo calado, admitiu os seus erros diante da vida.

— Acho que tem razão. Procurei o respeito da forma errada. O senhor é uma pessoa respeitável e respeitada por todos e, no entanto, não possui nenhuma arma, dinheiro e nem mesmo fama e poder. Como pode ter o respeito se não possui nada disto?

— A maior arma,  riqueza e poder que possuímos não habita os quartéis, os bancos, altos cargos ou estrelato. A nossa maior arma está presente num lugar muito próximo. Quem vai muito longe para encontra-la acaba se perdendo. Acho que você foi longe demais. Advertiu o mestre.

— Me explique melhor, pois não estou entendendo onde você está querendo chegar. Falou o confuso homem sem entender as colocações do mestre.

— Estou querendo chegar no seu coração. É lá que mora o amor. Somente aqueles que cultivam o amor são capazes de respeitar e serem respeitados. Afirmou o sábio.

— Mas eu sempre tive o amor dentro de mim e não consegui ser respeitado. Deve ter faltado algo mais. Questionou o homem externando ingenuidade em sua expressão.

— Não basta termos apenas a semente do amor. É necessário semearmos e cultivarmos esta semente no solo fértil de nossos corações. Precisamos assim, cuidar da terra e da semente com muito zelo. Orientou o mestre.

         Aqueles dizeres tocaram no fundo da alma daquele homem. Consternado, começou a refletir alto sobre suas ações.

— Acho que tudo que busquei para obter o respeito acabou fazendo com que meu coração ficasse árido demais. Num coração assim nenhuma semente jamais brotará. Deve ser por isso que me sinto deserto e abandonado.

         O sábio mestre pôde sentir, naquele momento, o sofrimento daquele homem. Respeitava a sua ignorância, mas sabia que esta o fazia sofrer. Torcendo para que ele a suplantasse, deu continuidade à sua fala:

— O amor é como uma planta. Quando brota vai crescendo e se desenvolvendo cada vez mais. A flor que anuncia o fruto que virá é como a empatia na vida do ser humano; e o fruto que pode ser saboreado e colhido é o respeito que você tanto busca.

— Eu nunca consegui ser empático. Nunca me coloquei no lugar de ninguém para poder sentir o que o outro sentia e necessitava. Sempre me preocupei apenas em garantir uma posição onde as pessoas pudessem enxergar a mim e a tudo que me interessava. Admitiu envergonhado, aquele homem, sem poder modificar as suas condutas passadas.

— Agindo assim, mesmo que tivesse semeado o amor, a sua árvore jamais iria florir e muito menos dar o tão desejado fruto do respeito que você tanto deseja saborear.

— Mestre, te procurei tantas vezes antes de fazer esta importante descoberta. Por que o senhor não me passou este conhecimento há anos atrás, na primeira vez que lhe procurei? Censurou o homem, a suposta omissão do mestre.

— Não dá para saborear com prazer uma fruta ainda verde. Nas outras tantas vezes que me procurou, não estava maduro o suficiente para absorver estes conhecimentos. Você desejava, naquele momento, experimentar o fruto do dinheiro, da fama, do poder. Apenas não neguei a você o direito de experimenta-los. O sabor destes frutos não é tão bom quanto parece quando degustados de maneira compulsiva. Hoje, você pôde checar isto muito bem. Estou satisfeito com sua descoberta e espero que esteja também.

— Foram tantos anos de busca...Refletiu o homem. Acho que cultivei ervas daninhas.

         O mestre olhou no fundo de seus olhos e enxergou muita tristeza e decepção. Tentando semear um pouco de esperança naquela alma desiludida, finalizou seu discurso dizendo:

— Mesmo tendo cultivado ervas daninhas, nunca é tarde para elimina-las e cultivar uma linda plantação. Seja um bom lavrador e boa colheita!