"SEM ENVOLVIMENTO NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO”
Este prato é de grande importância para
quem deseja crescer. Ele proporciona, a quem o prepara e degusta, a deliciosa
sensação de se sentir forte e grande, dando mais consistência àquilo que pensa
e àquilo que faz.
CUSTO
O preço que se paga é proporcional ao seu crescimento, ou
seja, depois que você cresce, nem tudo que anteriormente lhe servia caberá em
você.
TIRA GOSTO
PRINCÍPIOS
NÃO TENHO MEDO DE CRESCER
TEMO FICAR GRANDE DEMAIS
E NÃO ME ENCAIXAR MAIS
NO SEU MUNDO PEQUENO
NESTE ESTREITO ESPAÇO
HABITADO POR VOCÊ
NÃO VOU COLABORAR JAMAIS
PARA QUE FIQUE PEQUENO
APESAR DE SABER
QUE CRESCER DEPENDE
APENAS DE VOCÊ MESMO
A CADA DIA
DESCUBRO EM MIM UMA NOVA
PESSOA
NÃO CONSIGO FICAR CONFUSA
APENAS, SURPRESA
CONFUNDO APENAS VOCÊ
INFRINGÍ CÓDIGOS DE ÉTICA
PARA SER ÉTICA COMIGO MESMA
E, POR EXISTIR PRINCÍPIOS
QUE SE APOIAM NUMA TOTAL
FALTA DELES
TIVE POR PRINCÍPIOS SER EU
MESMA
INGREDIENTES
Fermento da fé
Farinha da motivação
Leitoso desejo de mudar
Doce consciência da
verdadeira essência interior
Ovos de curiosidade (obs: a
gema é bem mais amarelinha do que do ovo da apatia)
MODO DE PREPARAR
É como se prepara um bolo. A base é
constituída por alguns ingredientes indispensáveis. Mistura-se o leitoso desejo
de mudar com a doce consciência de sua verdadeira essência interior, fermento
da fé e farinha da motivação. Dos ovos da curiosidade, separa-se a clara da
gema, ou seja, o desejo de ampliar o conhecimento daquilo que está dentro e
fora de você. Depois de solve-los, poderão ser finalmente incluídas na mistura
acima. Tenha muita disposição para bater com suas próprias mãos todos estes
ingredientes. Não pare e bata sempre na mesma direção, pois a consistência
desta mistura é que vai determinar a qualidade do bolo. Sem disposição para
bater a sua massa, seu bolo não irá crescer.
Escolha uma fôrma bem aberta e unte com
otimismo para não agarrar no fundo. Quanto mais aberta, mais amplo o seu bolo.
Leve ao forno e verifique se as quentes chamas das experiências da vida estão
acesas para aquecê-lo. Tenha paciência para esperar o seu bolo crescer; não
fique abrindo o forno antes da hora, pois este procedimento esfria o calor das
chamas produzidas pelas experiências vividas, fazendo seu bolo murchar ou
endurecer .
Você poderá recheá-lo por dentro e por
fora com aquele recheio que mais enriquecer a sua receita e agradar o seu
paladar. Tem gente que gosta da cobertura do amor e do recheio da paciência.
Outros preferem a cobertura da liberdade e o recheio da tolerância. Eu sugiro a
você escolher aquele recheio e cobertura que possa tornar o seu bolo mais
nutritivo e saboroso. A escolha é sua!
SOBREMESA
A ÁRVORE E O BEIJA-FLOR
No alpendre de uma fazenda vivia uma bela
árvore que apesar de exuberante andava se sentindo triste e insatisfeita.
Sempre carregada de flores, atraía diariamente a presença de um gracioso
beija-flor que acabou por se tornar o seu melhor amigo. Nos últimos tempos
estava exalando tanta tristeza que seus galhos e folhas perderam o viço
assumindo uma expressão deprimida que passou a preocupar o dócil beija-flor.
Perplexo com a mudança repentina de sua melhor companheira, resolveu
interrogá-la para descobrir o motivo de tamanha melancolia:
— O que está acontecendo com você, amiga?
Você que era tão alegre e viçosa vem assumindo nos últimos tempos uma notável
tristeza e desânimo.
— De fato estou
triste. Tenho tido dificuldades de reconhecer-me. Confirmou a árvore.
— Qual o motivo de
sua tristeza? Perguntou novamente o beija-flor com clara intenção de ajudá-la.
— Preciso mostrar
a minha verdadeira face e não consigo. Ando desanimada. Preciso crescer mais e
mais, tornar-me frondosa como tantas árvores que vejo diante de mim.
— Não queira ser
como as outras árvores. Cada um é o que é. Você será mais feliz se contentar
com seu tamanho. Aconselhou o amigo beija-flor tentando consolá-la.
— Talvez eu tenha
me expressado mal. Na verdade eu não quero ser como as outras árvores, eu quero
ser eu mesma como você mesmo disse. E... Antes que pudesse prosseguir com suas
explicações foi interrompida pelo beija-flor que a indagou surpreso:
— Então qual o
problema! Se você busca ser o que é realmente não deveria estar triste. Deveria
estar alegre de ser como é. Aliás, perfeita para mim.
— Perfeita para
você, mas imperfeita demais para mim. Meu grande problema é que de uns tempos
para cá passei a ser o que não sou.
O beija-flor
adotou uma expressão de reprovação perguntando novamente:
— Como
assim? Não estou entendendo mais nada! Dá para explicar melhor?
— Me vejo pequena
e sinto que posso ser muito maior do que estou sendo. Sinto que posso ser uma
grande árvore, frondosa, capaz de abrigar não só você nos meus galhos, mas
todos os pássaros que desejarem o meu acolhimento.
— Eu estou muito
feliz com você deste tamanho. Afirmou o beija-flor.
— O fato de estar
bom para você não significa que está também para mim. Eu quero ser muito mais,
inclusive muito mais do que aquilo que parece ser bom para você. Pronunciou a
árvore.
Incomodado com o
pronunciamento de sua amiga, o gracioso beija-flor a censurou com aspereza:
— Você está sendo
muito ambiciosa e invejosa!
— E você não está
me entendendo. Eu não ambiciono e nem invejo o jeito de ser das outras árvores.
Pelo contrário, eu até as admiro. Eu apenas quero ser melhor do que fui ontem.
Quero ser melhor do que eu mesma e não melhor do que as outras árvores. Procuro
sempre me comparar comigo mesma e tenho percebido que já faz algum tempo que
não mudo. Caí na mesmice e isto tem me cansado. Mudar é o meu grande desafio.
Mudar para melhor! Exclamou com mais entusiasmo a árvore tristonha.
— Então você já
conseguiu realizar o seu desafio. Lembro-me de você ainda brotinho. Hoje, além
de ter crescido, você se transformou também em meu descanso predileto. Seus
galhos, mesmo pequenos, me acolhem e suas flores me sustentam. Acalentou o
beija-flor tentando conformá-la.
— Ser tudo que fui
e tudo que consegui ser até agora me deixa realmente feliz. Confirmou a árvore.
— Então se agarre
nesta felicidade e se desapegue desta tristeza. Recomendou o amigo.
— Mas, se eu me
desapegar desta tristeza que sinto agora eu estaria me desapegando de mim
mesma.
— Você vai me
enlouquecer! Não estou entendendo mais nada! Que benefício você pode ver na
tristeza? Perguntou cheio de perplexidade o amigo beija-flor.
— A tristeza me
trouxe um importante aviso de alerta. Se eu não ouvi-la agora, corro o risco de
me transformar daqui para frente numa boba alegre. Advertiu a árvore com sensatez.
— Boba alegre?
— Sim. Boba alegre
finge alegria. Eu não quero
fingi-la; quero vivê-la plenamente. Se a alegria que sempre me habitou com toda
a sua algazarra deixou a tristeza falar, é porque o recado que ela traz, com
certeza, é importante.
— Qual o recado que a tristeza lhe traz?
Perguntou o beija-flor.
— A tristeza me diz que eu posso ser mais
do que estou sendo. Diz-me também que ando parada, estagnada. Ela tenta me
mostrar, com esta dura verdade, a alegria que me aguarda mais à frente caso eu
não me acomode. Sendo assim, eu preciso me expandir. Afirmou a árvore.
— E como você vai
fazer isto?
— Eu não sei.
Tenho me esforçado para conquistar esta expansão, mas não tenho conseguido o
que realmente desejo. Não consigo entender o que me falta.
— Talvez não lhe
falte nada. Talvez você ande querendo ter mais do que pode ter realmente.
Finalizou o beija-flor voando em direção a árvore mais próxima que parecia não
ter tantos conflitos existenciais.
A árvore
permaneceu ali, sozinha e irritada com seu melhor amigo, que parecia não compreender seus anseios. Sabia que
dificilmente qualquer ser compreenderia o que se passava no seu interior. Além
de seu desejo de crescer, manifestava dentro de si um desejo pouco comum para
uma árvore. Tinha também desejos de sair daquele lugar que vivia, mesmo
consciente de que uma árvore não poderia sair andando por aí. Era como se
estivesse plantada num lugar que não era o seu. Era como se suas raízes
estivessem fincadas em um falso chão. Precisava encontrar o seu solo, mas a
própria vida a havia colocado ali. Possuía
uma energia que a movia para o crescimento, no entanto, não conseguia observar
nenhum movimento de expansão acontecendo consigo já há algum tempo. Passou uma
boa temporada vivendo este conflito e lamentando chorosa a sua condição de ser.
Do choro somou-se a revolta consigo mesma, bombardeando-se com ataques
depreciativos. Chegou a pensar que talvez fosse pequena de fato e que tudo que
sentia e almejava não passasse de uma bela fantasia. Quando, sem perspectivas, começou
finalmente a se preparar para aceitar uma condição que inicialmente julgava não
ser a sua, passou por aquela região um violento tornado que tornou tudo muito
diferente.
A fúria da
natureza parecia querer mudar tudo de lugar. Assistiu um drama que tornou-se
seu também. Em meio ao arrastão meteorológico, viu-se também sendo levada sem
destino para algum lugar que não sabia onde. Consciente de que havia sido
deslocada de seu local de origem, não entendia o fato de sentir suas raízes
ainda presas ao chão. Era como se tivesse carregado seu solo consigo. Sem
resistência para enfrentar a força avassaladora, permitiu-se ser conduzida
acreditando nos desígnios da natureza. Cessado o furor de uma natureza que
desconhecia, chocou-se repentinamente na encosta de um grande rio. O choque
produziu um barulho estranho de algo rachando em torno de si. Crac!!!!!!!!!!
Lembrou-se de uma história contada pelo seu grande amigo beija-flor ao retratar
a mágica de seu nascimento:
— “Quando aquele
ovo que me continha se rachou, eu pude me alongar e me sentir livre”.
Podia ouvi-lo
apesar da sua ausência. Aquele choque sobre a encosta lhe provocava a mesma
sensação que o seu amigo sentira no momento do nascimento. Era como se
estivesse saindo de um ovo. A terra que outrora apertava suas raízes pareceu
relaxar.
Suas raízes
iniciaram um movimento de alongamento buscando, concomitantemente, fixar-se em
um mundo novo aparentemente sem limites. Podia agora adentrar-se num universo completamente diferente
de tudo que vivera. Desgalhada e
desfolhada foi cumprimentada pelo belo rio que corria majestosamente à sua
frente:
— Seja bem vinda à
sua nova morada!
— Obrigada! Acho
que estou meio tonta. Não consegui ainda entender o que se passou comigo.
Agradeceu estressada.
— Ao invés de entender,
procure sentir as diferenças. Aconselhou o rio com sabedoria.
Apesar de todo o
estresse, sentia-se mais relaxada como se tivesse libertado de algo que
aprisionara. Limitou-se a seguir os conselhos do rio sentindo cada diferença
que a sua nova morada lhe proporcionava. Uma sensação de bonança apoderou-se de
si. A cada dia suas raízes se fixavam cada vez mais naquele novo chão. Novas
estações vieram e com elas novos galhos, ramos, folhas e flores foram brotando
de seu corpo que pareceu ter passado por um processo de renascimento.
A tristeza e a
insatisfação se dissiparam com a força do tornado que a tornou, dia após dia,
cada vez mais forte, frondosa e alegre. Transformou-se, finalmente, naquilo que
sempre julgou ser. Grandiosa, acolhia em seus galhos pássaros de inúmeras
espécies. Estava feliz, pois não se sentia mais como no passado, limitada a
algo inexplicável que a impedia de crescer. No
entanto, a saudade de seu amigo beija-flor lhe impedia sentir-se totalmente realizada. O
terrível tornado que acabou se tornando uma bênção em sua vida lhe separou da
melhor companhia que possuía. Sentia falta de suas histórias e até mesmo da
dificuldade que seu estimado amigo possuía para compreendê-la. Nenhum pássaro
seria capaz de substituí-lo. Vivendo este sentimento, compreendeu o quanto é
insubstituível cada ser que nos cativa.
Entorpecida pela
nostalgia dos velhos tempos foi despertada pela chegada estranha de um velho
beija-flor que, já cansado, soava um canto triste que tocou profundamente o seu
coração. Ofereceu ao mesmo as boas vindas e o farto alimento que poderia
extrair de suas flores que magicamente tornava a vida mais doce:
— Seja bem vindo a
esta nova morada e fique nela quanto tempo desejar.
— Quanta
hospitalidade! Exclamou o beija flor.
— A minha
hospitalidade é fruto da grandeza que me foi concedida. Completou a árvore
hospitaleira.
— Você me faz
lembrar de uma grande amiga do passado que ainda se faz presente dentro de mim.
Falou cheio de saudade aquele velho e cansado beija-flor.
— Ela era assim,
grande como eu? Perguntou a árvore cheia de curiosidade.
— Ela tinha uma
alma grandiosa, mas não conseguia crescer. Sofria com isto, pois não conseguia
entender a paradoxal condição de seu ser - "Ser pequena sentindo-se tão
grande". Eu era um dos poucos pássaros que buscava refúgio em seus galhos.
— Onde ela vive?
Perguntou a árvore.
— Não sei se ela
vive, só sei que viveu por um bom tempo dentro de um lindo vaso de cerâmica
enfeitando a minha vida e o
alpendre de uma suntuosa fazenda. Respondeu o beija-flor com pesar.
— Mas o que
aconteceu com ela? Ela não vive mais lá?
Com os olhos
lacrimejando, o velho beija-flor contou o suposto trágico fim de sua melhor
amiga:
— Algum tempo
atrás, um grande tornado passou por lá e levou a minha querida companheira. Ela
levantou vôo como se fosse um pássaro. A mercê de um vaso de cerâmica, incapaz
de se sustentar com a força do vento, foi levada para algum lugar que não se
sabe onde. Se tivesse suas raízes presas ao chão, com certeza teria se salvado,
pois era forte demais.
Naquele exato
momento, uma emoção grandiosa tomou conta daquela árvore. Finalmente, além de
poder compreender a razão de seu nanismo no passado, mediante as informações
repassadas pelo novo inquilino, pôde também ter certeza de que aquele velho
beija-flor era o seu jovem companheiro. Tomada de emoção, indagou o seu discurso
fatídico:
— Como pode ter
certeza de que ela não se salvou?
— A ausência dela
me diz isto. Respondeu o velho amigo.
— Às vezes, a
ausência nos provoca um vazio tão grande que a gente se perde dentro dele e não
consegue perceber a presença daquilo que nos é mais valioso. Advertiu a árvore.
— Pode ser, mas o
meu sonho é poder voltar naquela fazenda e encontrar, naquele alpendre, a minha
querida amiga. Ah, se essa mágica acontecesse! Eu ficaria muito feliz! Exclamou
o beija-flor fantasiando um reencontro.
— Esta mágica
traria, ilusoriamente, a sua felicidade e, realisticamente, a ruína de sua
amiga. Censurou a árvore com firmeza.
— Como assim?
Perguntou o beija-flor surpreso com a intervenção daquela árvore que falava com
segurança de uma vida que mal conhecia.
— Agora eu entendo
porque sua amiga não crescia e entendo ainda mais o sofrimento dela.
Assegurou-lhe a árvore.
— Como você pode
entender se nem mesmo ela entendia? Retrucou o amigo.
— Ela sabia que
vivia contida, mas não sabia que vivia dentro de um vaso. Replicou a árvore
tentando explicar a sua passada condição.
— Como ela poderia
não perceber o vaso que vivia?
— O vaso era seu
mundo. Não tinha consciência de que existia um vasto mundo lá fora. Tinha
consciência apenas do grandioso universo que existia dentro de si e da
dificuldade de expandir-se conforme o potencial que possuía. Jamais conseguiria
se tornar uma árvore como sou hoje restrita a um vaso que lhe demarcava um
território tão limitado. Conjeturou a sábia árvore.
— Na verdade
aquele vaso não era tão pequeno assim. Era apropriado para o seu tamanho. Uma
árvore pequena não precisa de um grande vaso.
Percebeu que o
amigo beija-flor continuava o mesmo. Parecia não conseguir enxergar o que para
ela era óbvio. Irritada com a sua ignorância, repreendeu rispidamente:
— Como pode dizer
que ela era pequena? Será que não consegue perceber que o vaso lhe impedia
crescer conforme o seu verdadeiro potencial? Ela
se libertou daquele vaso e acho que você precisa se libertar do seu.
— Eu não estou
plantado em vaso algum. Sou um pássaro, sou livre e posso voar.
— Você é um
pássaro que semeou a sua forma de pensar num vaso bem pequeno. Talvez um
tornado possa um dia chegar, agitar sua cabeça e quebrar este vaso que limita a
possibilidade de você enxergar.
— Eu não tenho
problemas de visão. Eu enxergo muito bem. Certificou-se o pássaro.
— Então me diga,
como você me vê? Quem acha que sou? Perguntou, ansiosamente, a árvore amiga.
— Na verdade eu te
vejo como o sonho de minha velha amiga. Por eu estar muito preso a ela, talvez
eu tenha mesmo um pouco de dificuldade para lhe perceber tal como você é. Mas,
no fundo te acho bem convencida ao tentar explicar fatos que não lhe pertencem.
Impaciente, a bela
árvore lhe ofereceu uma apresentação formal e se preparou para um grande
abraço:
— Meu velho amigo,
como pode dizer que esta história não me pertence. Eu a construí à custa de
muito sofrimento. Olhe para o chão e verá ainda próximo às minhas raízes os
fósseis da minha prisão.
O beija-flor
dirigiu seu olhar para o chão e verificou que, ainda próximo à raiz daquela
árvore, repousava pedaços de cerâmica idênticos à cerâmica do conhecido vaso
que habitou por tanto tempo sua querida amiga. Emocionado e envergonhado
soluçou algumas palavras tentando um reconhecimento:
— Eu não posso
acreditar que você é você!
— Você nunca
acreditou em quem eu era realmente. Só acreditava naquilo que podia ver. Não
acreditava na minha essência, nos meus sonhos e nos meus sentimentos. Relembrou
a árvore.
Decepcionado
consigo mesmo, o beija-flor clamou ao divino:
— Oh, Deus! Qual o
tamanho do vaso que me limita? Eu que pensava ser livre... O tornado passou e
não rompeu o meu vaso. Talvez a realização do meu maior sonho possa romper a
cerâmica da óbvia certeza que me habitou até este exato momento mantendo
rígidos os meus pensamentos.
A árvore repleta
de afeto e sabedoria aproveitou-se de uma brisa para abraçá-lo com seus galhos
e felizes viveram o reencontro de tudo aquilo que pareceu um dia ter ficado
perdido. Para que nunca mais se esquecessem da lição do tornado, o presságio de
uma tempestade passou a ser sempre marcado pelo importante aviso do vento:
— Nunca se
esqueçam de avaliar o tamanho do vaso ou do espaço onde foi semeado seus
pensamentos, suas emoções, seus sonhos, enfim sua vida. Há um espaço infinito
para tudo e para todos, mas nem sempre reconhecido e vivido