“O AMOR
ENCONTRA RAZÕES PARA TUDO, SÓ NÃO ENCONTRA RAZÕES CAPAZES DE EXPLICÁ-LO”
AMOR
Amor é uma fruta doce, tão doce, que
deixa a vida muito doce. O amargo, o salgado, o azedo serão sempre adocicados
com a doce essência do amor. Ela possui também um notável poder terapêutico,
podendo curar doenças presentes no cerne do indivíduo e da humanidade.
CUSTO
Você só tem a ganhar com o amor, mesmo
que os mal amados digam tratar-se de uma fruta cara e rara. Apesar de muitos
desejarem comercializá-la, a fruta do amor é gratuita e não custa nada
experimentá-la.
TIRA GOSTO
SE O AMOR FOSSE GENTE
SE
O AMOR FOSSE GENTE
SERIA
GENTE BOA
NÃO
SERIA QUALQUER GENTE
SERIA
UM “AGENTE”
AGENTE
DA PAZ
AGENTE
DA ALEGRIA
AGENTE
DA SABEDORIA
AGENTE
DA LUZ
NÃO
SERIA AQUELA GENTE
QUE
NÃO CONSEGUE SER AGENTE
GENTE
SÓ
SÓ
GENTE
ELE
SERIA MUITA GENTE
ELE
TERIA MUITOS ENTES
ELE
TE TERIA
ELE
SERIA
TERIA
A TODOS
MAS
NÃO SERIA DONO
SERIA
DE TODOS
MAS
NÃO TERIA DONO
NÃO
SERIA APENAS UM CORAÇÃO
SERIA
COR E AÇÃO
NÃO
APRISIONARIA UM SÓ CORAÇÃO
LIBERTARIA
TODOS
SUA
RELIGIÃO SERIA ELE MESMO
SUA
FILOSOFIA TAMBÉM
REINVENTARIA
O MUNDO
E A
SÍ MESMO TODOS OS DIAS
SEU
TEMPO SERIA AGORA
SEU
ESPAÇO SERIA AQUI
AQUI,
AGORA
SEM
SABER QUANDO E ONDE
SABERIA
CORRER RISCOS
TERIA
OS PÉS NO CHÃO
TERIA
ASAS PARA VOAR
CADA
QUAL NO SEU TEMPO
UM
ET ELE SERIA
DE
MALUCO MUITOS O ROTULARIA
DISCRIMINADO
SERIA
E A
SUA CRUZ CARREGARIA
CRUZ
PESADA QUE SE TORNARIA LEVE
PELA
SUA FORÇA
PELA
SUA FÉ
PELA
SUA CONDIÇÃO
CONDICIONADO
A ABRIR-SE
PARA
TODOS OS SEXOS, IDADES, RAÇAS E CONDIÇÃO SOCIAL
CONDICIONADO
A FECHAR-SE
QUANDO
SENTIR VONTADE
SE
O AMOR FOSSE GENTE
ELE
TERIA UM POUCO DE MIM
ELE
SERIA UM POUCO DE MIM
QUE
PUDESSE TER E SER UM POUCO DE VOCÊ
INGREDIENTES
Carinho, dedicação e respeito
na sua medida certa
MODO DE PREPARAR
O amor não se prepara; colhe. E, para colher é
fundamental você saber cultivar a árvore que o germina. Fertilizando esta
árvore com carinho, aguando com dedicação e podando quando necessário com o
valioso instrumento de respeito, você terá frutos o ano todo.
Você quer saber onde está plantada a
árvore do amor? Está plantada no pomar de seu coração.
SOBREMESA
AUDIÊNCIA COM O AMOR
O Amor foi intimado a comparecer a uma sessão onde
seriam abordados vários processos contra ele. Chegando ao fórum divino
dirigiu-se à sala de audiência e sentou à direita do grande e poderoso juiz
Deus Pai que apontando para uma pilha de processos o indagou indignado:
—
Eu não tenho mais onde enfiar queixas e mais queixas contra a sua pessoa. Criei
você com a intenção de descansar-me e não consigo mais parar de ler processos e
mais processos contra a sua conduta lá na terra. Não consigo entender o que
aconteceu, mas pela primeira vez uma obra minha falhou. Você tem feito
justamente o contrário daquilo que eu programei.
Com uma expressão confusa e ao mesmo
tempo decepcionada, o Amor perguntou:
—
Existem apenas reclamações a meu respeito? Não existem elogios?
—
Existem muitos elogios, mas as reclamações superam os elogios. Eu te programei
para ser só benção. Coloquei todas as energias boas presentes em você e não
reservei lugar algum dentro de ti para qualquer desavença mínima que seja. Será
que algum vírus alterou o meu programa?
—
Acho que este vírus não está em mim, mas sim na cabeça das pessoas que me
condenam. Conjecturou o Amor.
—
Então vamos apurar o que realmente está acontecendo para encontrarmos uma
solução para este problema. Deixe-me ver a primeira acusação...
O Amor dirigiu seu olhar para o
infinito e desabafou com perplexidade:
—
Quando fui criado e incumbido de realizar a obra mais sublime que o ser humano
já teve a oportunidade de receber, jamais imaginaria que poderia ser, um dia,
acusado de tantas desventuras.
—
Muito menos eu que o concebi como a minha mais valiosa obra. Continuou o
Divino. Mas, vamos ao que interessa.
O
Divino retirou da pilha de processos aquele que mais conspirava contra o Amor,
denunciando-o:
—
Eis aqui o mais grave. Você é acusado de crime hediondo. Tornou-se o responsável
por assassinatos, suicídios e guerras. Como você me explica tamanha atrocidade?
Com tranquilidade, o Amor começou a
relatar a armadilha que o ser humano criou contra si próprio usando o seu nome:
—
Como sabes, sou a força mais poderosa de transformação. O poder está com
aqueles que aprenderam a usufruir a minha energia. Sou um instrumento que não
consegue ser utilizado por todas as pessoas. Infelizmente, ainda existem seres
limitados que não conseguem nem mesmo me carregar, muito menos me utilizar. No
entanto, todos conhecem o meu poder e muitos fingem me possuir com o intuito de
sentirem poderosos e manipularem o mundo de acordo com seus desejos. As almas
pequenas dizem ter amor e jamais conseguiram sê-lo. Sem poder fazer nada, vi
coisas inimagináveis. Vi homens matando a própria mulher e serem absolvidos em
meu nome. A própria justiça humana chegou a criar um artifício para dar força
ao homem e enfraquecer a mulher permitindo-o cometer crimes passionais em meu
nome. Dizem que em nome do amor eles podem limpar a própria honra sujando suas
mãos e a própria alma com sangue. Quando a mulher conquistou um pouco mais de poder, aprendendo a amar e
respeitar a si mesma, foi-lhe concedido o mesmo privilégio, na verdade, um
sacrilégio. Matar em meu nome cria absolvição e transforma o réu em vítima.
Dificilmente, eles permitem ao ciúme, à cólera e à possessividade participar de
um julgamento. A presença deles torna o homem fraco e suscetível à punição.
Como o perdão se alia ao meu ser, eles fazem questão de me confundir com a tal
da absolvição para fazer imperar a injustiça que é justa com os podres e
injusta com os puros. E assim, eles continuam matando, usando meu nome e o seu
também, meu grande Pai. Alguns países que não conquistaram ainda a sabedoria
para negociar e enriquecer com dignidade, chegam a criar guerras em nome do
amor à pátria e em nome do amor a Deus. Eles nunca pararam para pensar que quem
tem amor à pátria não a destrói. Quem tem amor à pátria se compromete com a
construção e para construir sou um ótimo instrumento. Muitos fingem serem donos
do meu poder para arrastar os miseráveis de consciência. Manipula-os
facilmente, pois quem tem a miséria na consciência aceita qualquer
migalha. Incutem nestes falsas crenças
através de uma lavagem cerebral que os impedem viver a força da fé. Quem tem fé me conhece e
jamais me confunde. Criaram até os chamados homens bomba que se explodem em meu
nome. Parece que estão explodindo o meu nome, mas jamais conseguirão explodir a
minha força.
Mais aliviado Deus o inqueriu:
—
Você sabe como impedir isto?
—
Não. Sei apenas que não posso ser extinto. Sei que posso ser um extintor deste
incêndio que queima a alma dos fracos e dos desavisados. Mas sei também, que
nem todos sabem ou desejam usar um extintor de incêndio. Parecem estar
hipnotizados pelo fogo do inferno que os habitam.
—
Você conseguiu justificar bem a primeira acusação que lhe foi feita, mas
existem outras. Vamos ver as explicações que tem a me dar.
Acabando de dizer isto, Deus retirou da
enorme pilha de processos mais um grosso prontuário de acusações:
—
Neste aqui você é acusado de furto. Dizem que anda roubando a liberdade das
pessoas.
O Amor deu uma grande risada e se
defendeu:
—
O homem é muito esperto! Cria todas as artimanhas para conseguir o que quer.
Para um esperto tem sempre um idiota. Os idiotas acreditam que quem ama deve se
prender ao objeto amado. Considero objeto todos aqueles que se permitem serem
usados pelo outro; deixam de se exercer na vida, de viverem inúmeros prazeres
só para terem o que nunca pode ser obtido. Eu posso ser uma presença, mas não
posso ser e nem ter um dono nunca. Muitos perdem a liberdade quando encontram
um par amoroso, e dizem que foi por uma boa causa. Só que na verdade não
encontraram um par amoroso, encontraram um par ciumento. Para não desmascararem
o ciúme, chegaram a criar a crença nos ignorantes de que quem não tem ciúme não
ama. Senhor, sabes muito bem que não
combino com o ciúme. Ciúme é escravidão e infelicidade e eu carrego a liberdade
e a felicidade dentro de mim.
O Divino foi ficando cada vez mais tranquilo,
mas se propôs a continuar a audiência. Retirou mais um processo e com uma
expressou de desaprovação o censurou novamente:
—
Será que anda atentando contra a moral das pessoas? Não consigo acreditar
nisto!
—
De que fui acusado agora? Perguntou o Amor.
—
Dizem que inúmeras pessoas perderam a cabeça por sua causa chegando a depreciar
e humilhar os entes mais queridos e estimados.
O Amor fez um movimento de desaprovação
com a cabeça e se defendeu:
—
Nunca ninguém perdeu a cabeça por minha causa. Quem perde a cabeça são pessoas
descontroladas e dominadas facilmente pela cólera. No entanto, para não
perderem as pessoas que gostam, o ser humano adotou a estratégia de usar o meu
nome para justificar suas fraquezas. Se forem verdadeiros e admitirem que foram
fracos, descontrolados, insensatos, injustos e maus correrão o risco de perder
aquilo que desejam possuir. Por outro lado,
se disserem que foi por amor, a vítima além de conformada é capaz de
sentir-se valorizada chegando a permitir, inclusive, novos atentados à sua
moral.
—
A que ponto o homem chegou... Refletiu em voz alta o Deus Pai nem tanto
poderoso para mudar esta situação. Dando continuidade e com expressão assustada
relatou mais uma séria acusação:
—
Isto é muito sério! Neste aqui você foi acusado de estupro.
—
Por esta eu já esperava! Continuou o Amor. Eles conseguiram transformar o corpo
num vaso sanitário. Há muitos que se prestam a isto, principalmente as
mulheres. Chegaram a desenvolver a crença de que quem ama tem que satisfazer
todas as necessidades sexuais do parceiro. Ao invés de fazer amor, fazem sexo
por obrigação ou por compulsão e me colocaram neste meio para justificar suas
perversidades. O estupro do desejo, do prazer, dos direitos e da dignidade foi
criado pela insanidade humana que transformou o indivíduo em objeto de uso e
não em um ser de relação.
Cada vez mais, o Divino se admirava com
sua obra chamada Amor e se decepcionava com sua obra chamada Homem. Continuava
lendo os processos, não por desconfiar da séria e dedicada conduta do Amor, mas
apenas para se dar conta das falcatruas do ser humano.
—
Neste aqui você é acusado de danos corporais. Que relação eles conseguiram
estabelecer entre você e a agressão física?
—
Além de alegarem que perderam a cabeça por minha causa, usam também a chamada
educação para justificar uma série de atrocidades contra os mais fracos. As
maiores vítimas são as crianças. Muitos educadores acreditam que precisam
puni-las e maltrata-las para educá-las. Dizem que quem ama educa. Quem ama
educa, mas não desta forma. Não percebem
que estão deseducando e transformando estes pequenos seres em futuros
agressores. Ponderou com sabedoria o gracioso sentimento amoroso.
—
Olhe este aqui! Atentou o Divino entregando ao Amor mais um grosso processo
contra ele. Lendo-o, atentamente, chegou a se exaltar perplexo:
—
Me transformei também em explorador? Para não ser frustrado, o ser humano
inventou que quem ama dever fazer tudo que o outro quer e se esquecer de si
mesmo. Chega a delegar para o outro tarefas simples que até uma criança poderia
executar. Sou usado em nome do comodismo e da incapacidade de ser frustrado.
Quando o explorado coloca um limite, mínimo que seja, o explorador consegue com
grande astúcia faze-lo sentir culpado. Adotam o jargão do tipo “se você me
amasse não faria isto”, “se você me amasse faria isto por mim”, “eu larguei
tudo por sua causa” e por aí vai... Que fique claro! Não sou eu o explorador,
eles é que sabem explorar bem o meu nome para conquistarem o poder que almejam.
—
Crime por formação de quadrilha...Que quadrilha você vem comandando? Perguntou,
sarcasticamente, o Divino consultando mais um processo.
—
Na verdade o homem vem formando verdadeiros exércitos usando o meu nome. Fazem
verdadeiras lavagens cerebrais que impedem o discernimento. Estas quadrilhas,
ou melhor dizendo, estes exércitos,
cometem diversos crimes contra a humanidade e conseguem ainda serem aplaudidos
e reverenciados. Eu não sei como combater esta criminalidade. Eu só sei ser um
valioso instrumento contra ela. Acredito que as pessoas bem intencionadas
saberão fazer isto. Para isto a sabedoria vai ter que reinar neste planeta que
abriga tanta ignorância.
—
Tem mais alguma coisa que poderei fazer por você para torná-lo mais forte?
Perguntou o Criador.
—
Eu sou a força suprema que não precisa se exceder. O ser humano é quem precisa
se fortalecer. Quero apenas que registre a minha queixa dentre estes inúmeros
processos contra mim. Eu acuso o homem de falsificador. A minha verdadeira
identidade tem sido falsificada e utilizada pelos fraudadores. A pena para isto
já está sendo cumprida por eles. Estão presos numa cadeia de sentimentos
destrutivos que transformou o paraíso que lhes foi oferecido num verdadeiro
inferno.
A fonte criadora do Amor deu um sorriso
pronunciando:
—
Nunca te vi como um réu. Quis apenas provar a sabedoria da minha obra
primorosa. És perfeito demais para ser assimilado profundamente pela tão
recente criatura humana. Um dia ela há de compreendê-lo e de utilizar não só o
seu nome, mas, principalmente, a sua força para a transformação que se faz
necessária à evolução. Devagarinho, eles
irão descobrindo isto. O tempo que destinei para esta descoberta é infinito.
Depende deles desejarem dar os primeiros passos. Sei que os processos contra
você continuarão chegando, mas a justiça divina tarda, mas não falta.
Aliviado o Amor fez a sua última
pergunta:
—
Por que deixas tardar tanto a sua justiça?
—
Para dar ao homem tempo de reconhecer os seus erros e mudar de atitude. Tempo
não falta a ele, falta apenas o desejo de se transformar.
E assim Deus e o Amor deram um grande
abraço. Naquele momento ficou difícil reconhecer quem era um e outro. Deu
apenas para reconhecer uma coisa: DEUS É AMOR!