segunda-feira, 13 de agosto de 2012

RESPEITO




“O RESPEITO TRANSFORMA NOSSAS IMPERFEIÇÕES EM CRESCIMENTO; A AUSÊNCIA DELE, EM DESTRUIÇÃO"



RESPEITO


         Respeito é um alimento que lhe provoca a agradável sensação de dignidade revigorando ainda mais o seu ser com a fortalecedora credibilidade que possui por si mesmo e dos outros pela sua pessoa.



CUSTO




         O preço que se paga é a perda da arrogância e da prepotência que lhe faz, erroneamente, usar a munição da ofensa, do preconceito e da indiferença pensando ser melhor e mais digno do que o outro.





TIRA GOSTO



A DESPEITO DE TUDO



SE NÃO ME DIZ RESPEITO

NÃO HEI DE RESPIRAR O DESPEITO

ABRIGANDO EM MEU PEITO

A FALTA DE RESPEITO

DE QUEM PEITO NÃO TEM

PARA RESPEITAR

E A DESPEITO DE TUDO

AINDA HEI DE RESPEITAR

NO FUNDO DE MEU PEITO

O DESPEITADO QUE RESPEITO

NÃO APRENDEU A CULTIVAR





INGREDIENTES



Grãos da flexibilidade

Aquosa humildade

Suculenta empatia



PREPARO



        
Comida árabe é bem gostosa, e o quibe tem o seu lugar. Bem semelhante ao preparo do mesmo, o respeito tem também o seu lugar no cardápio da alma.

         Coloque o trigo de sua arrogância e de sua prepotência por bastante tempo na aquosa humildade. Este procedimento inicial dará origem a uma importante transformação. Os duros e rígidos grãos de prepotência e arrogância ficarão fofos e macios transformando-se em grãos de flexibilidade. Junte a estes novos e flexíveis grãos a suculenta empatia, amassando-os de maneira a formar os bolinhos do respeito.  Usando o tempero do amor, eles ficarão ainda mais apetitosos e saudáveis. O fogo do calor humano esquentará a oleosa consideração que, depois de aquecida, fritará os deliciosos bolinhos, deixando-os no ponto certo para serem saboreados.



SOBREMESA




O FRUTO DO AMOR



         O que ele mais desejava era ser respeitado. Dirigiu-se ao mestre mais uma vez para pedir orientações que lhe pudessem assegurar o direito ao respeito que sempre sonhou. Já desanimado, desabafou com o mesmo o seu desatino para com esta busca.

— Já tentei buscar o respeito de todas as formas e até hoje não o encontrei. Ao final de cada busca o que me resta sempre é um grande vazio. Afinal de contas, o que me falta?

— O que você possui? Perguntou o mestre.

— Tenho armas, dinheiro, fama e poder; tudo que um homem precisa para ser respeitado.  Respondeu o homem.

— Mas, o respeito não exige nada disto. Contrapôs o mestre — O que te fez pensar que estas coisas fariam de você um homem respeitado?

— Possuidor de muitas armas, pensei que jamais seria combatido pelo outro. As minhas chances de sair sempre vencedor numa situação de conflito aumentariam significativamente e poucos seriam aqueles que teriam condições de igualar a mim na força bruta. Mas, com todo este arsenal bélico, me sinto frágil e percebo que não obtive o respeito que tanto sonhei. Lamentou o homem.

— Desta forma, você conseguiu conquistar apenas o medo das pessoas. Medo e respeito são bem diferentes e acho que já conseguiu perceber isto. Fale-me agora das outras coisas que você adquiriu para conquistar o respeito. Solicitou o mestre lamentando a ignorância daquele homem.

— Eu adquiri muito dinheiro. Consegui comprar tudo que desejei. Até mesmo pessoas se venderam para mim. Só não consegui comprar o respeito destas pessoas.

— O máximo que você conseguiu conquistar foi o interesse delas pelo seu dinheiro e não pela sua pessoa. Elucidou o mestre.

— Isto nos dá um vazio enorme. Sentia-me vazio mesmo tendo tanta coisa e a sensação de abandono só ia crescendo dentro de mim. Mesmo quando adquiri fama e me via rodeado de pessoas, percebia que elas só queriam o meu lugar e nada mais.

— A fama só lhe garantiu a inveja dos outros. Saiba que a inveja não suporta o respeito; os dois jamais viverão em parceria. Garantiu o mestre.

         Por alguns minutos aquele homem chorou muito lamentando a sua triste condição. Ao invés de respeito, sentia-se humilhado e abandonado. Ainda em prantos continuou seu desabafo:

— O poder também me pertenceu. Pude mandar e criar indivíduos servis. Só não consegui ter poder sobre a minha pequenez e jamais consegui criar dentro de mim o homem que sempre sonhei. Se as armas, o dinheiro, a fama e o poder não me proporcionaram o respeito que tanto desejei, o que devo procurar agora? Implorou o homem, esperando uma resposta que pudesse servir de referência para sua vida.

         O mestre pensou e depois de um minuto de silêncio pronunciou-se:

— Procure primeiro o respeito que você perdeu por si mesmo.

— Você está querendo dizer que eu não me respeito? Perguntou o homem indignado.

— Se você nem sabe ainda o que é respeito, como poderia estar se respeitando? Indagou o mestre.

         Pensativo, o homem se limitou a observar o mestre como se estivesse tentando captar a essência de seu ser. Depois de algum tempo calado, admitiu os seus erros diante da vida.

— Acho que tem razão. Procurei o respeito da forma errada. O senhor é uma pessoa respeitável e respeitada por todos e, no entanto, não possui nenhuma arma, dinheiro e nem mesmo fama e poder. Como pode ter o respeito se não possui nada disto?

— A maior arma,  riqueza e poder que possuímos não habita os quartéis, os bancos, altos cargos ou estrelato. A nossa maior arma está presente num lugar muito próximo. Quem vai muito longe para encontra-la acaba se perdendo. Acho que você foi longe demais. Advertiu o mestre.

— Me explique melhor, pois não estou entendendo onde você está querendo chegar. Falou o confuso homem sem entender as colocações do mestre.

— Estou querendo chegar no seu coração. É lá que mora o amor. Somente aqueles que cultivam o amor são capazes de respeitar e serem respeitados. Afirmou o sábio.

— Mas eu sempre tive o amor dentro de mim e não consegui ser respeitado. Deve ter faltado algo mais. Questionou o homem externando ingenuidade em sua expressão.

— Não basta termos apenas a semente do amor. É necessário semearmos e cultivarmos esta semente no solo fértil de nossos corações. Precisamos assim, cuidar da terra e da semente com muito zelo. Orientou o mestre.

         Aqueles dizeres tocaram no fundo da alma daquele homem. Consternado, começou a refletir alto sobre suas ações.

— Acho que tudo que busquei para obter o respeito acabou fazendo com que meu coração ficasse árido demais. Num coração assim nenhuma semente jamais brotará. Deve ser por isso que me sinto deserto e abandonado.

         O sábio mestre pôde sentir, naquele momento, o sofrimento daquele homem. Respeitava a sua ignorância, mas sabia que esta o fazia sofrer. Torcendo para que ele a suplantasse, deu continuidade à sua fala:

— O amor é como uma planta. Quando brota vai crescendo e se desenvolvendo cada vez mais. A flor que anuncia o fruto que virá é como a empatia na vida do ser humano; e o fruto que pode ser saboreado e colhido é o respeito que você tanto busca.

— Eu nunca consegui ser empático. Nunca me coloquei no lugar de ninguém para poder sentir o que o outro sentia e necessitava. Sempre me preocupei apenas em garantir uma posição onde as pessoas pudessem enxergar a mim e a tudo que me interessava. Admitiu envergonhado, aquele homem, sem poder modificar as suas condutas passadas.

— Agindo assim, mesmo que tivesse semeado o amor, a sua árvore jamais iria florir e muito menos dar o tão desejado fruto do respeito que você tanto deseja saborear.

— Mestre, te procurei tantas vezes antes de fazer esta importante descoberta. Por que o senhor não me passou este conhecimento há anos atrás, na primeira vez que lhe procurei? Censurou o homem, a suposta omissão do mestre.

— Não dá para saborear com prazer uma fruta ainda verde. Nas outras tantas vezes que me procurou, não estava maduro o suficiente para absorver estes conhecimentos. Você desejava, naquele momento, experimentar o fruto do dinheiro, da fama, do poder. Apenas não neguei a você o direito de experimenta-los. O sabor destes frutos não é tão bom quanto parece quando degustados de maneira compulsiva. Hoje, você pôde checar isto muito bem. Estou satisfeito com sua descoberta e espero que esteja também.

— Foram tantos anos de busca...Refletiu o homem. Acho que cultivei ervas daninhas.

         O mestre olhou no fundo de seus olhos e enxergou muita tristeza e decepção. Tentando semear um pouco de esperança naquela alma desiludida, finalizou seu discurso dizendo:

— Mesmo tendo cultivado ervas daninhas, nunca é tarde para elimina-las e cultivar uma linda plantação. Seja um bom lavrador e boa colheita!

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