“O RESPEITO TRANSFORMA NOSSAS IMPERFEIÇÕES EM
CRESCIMENTO; A AUSÊNCIA DELE, EM DESTRUIÇÃO"
RESPEITO
Respeito é um alimento que lhe provoca
a agradável sensação de dignidade revigorando ainda mais o seu ser com a
fortalecedora credibilidade que possui por si mesmo e dos outros pela sua
pessoa.
CUSTO
O preço que se paga é a perda da
arrogância e da prepotência que lhe faz, erroneamente, usar a munição da ofensa,
do preconceito e da indiferença pensando ser melhor e mais digno do que o
outro.
TIRA GOSTO
A DESPEITO DE TUDO
SE NÃO ME DIZ RESPEITO
NÃO HEI DE RESPIRAR O
DESPEITO
ABRIGANDO EM MEU PEITO
A FALTA DE RESPEITO
DE QUEM PEITO NÃO TEM
PARA RESPEITAR
E A DESPEITO DE TUDO
AINDA HEI DE RESPEITAR
NO FUNDO DE MEU PEITO
O DESPEITADO QUE RESPEITO
NÃO APRENDEU A CULTIVAR
INGREDIENTES
Grãos da flexibilidade
Aquosa humildade
Suculenta empatia
PREPARO
Comida árabe é bem gostosa, e o quibe tem o seu lugar.
Bem semelhante ao preparo do mesmo, o respeito tem também o seu lugar no
cardápio da alma.
Coloque o trigo de sua arrogância e de
sua prepotência por bastante tempo na aquosa humildade. Este procedimento
inicial dará origem a uma importante transformação. Os duros e rígidos grãos de
prepotência e arrogância ficarão fofos e macios transformando-se em grãos de
flexibilidade. Junte a estes novos e flexíveis grãos a suculenta empatia,
amassando-os de maneira a formar os bolinhos do respeito. Usando o tempero do amor, eles ficarão ainda
mais apetitosos e saudáveis. O fogo do calor humano esquentará a oleosa
consideração que, depois de aquecida, fritará os deliciosos bolinhos,
deixando-os no ponto certo para serem saboreados.
O FRUTO DO AMOR
O que ele mais desejava era ser
respeitado. Dirigiu-se ao mestre mais uma vez para pedir orientações que lhe
pudessem assegurar o direito ao respeito que sempre sonhou. Já desanimado,
desabafou com o mesmo o seu desatino para com esta busca.
—
Já tentei buscar o respeito de todas as formas e até hoje não o encontrei. Ao
final de cada busca o que me resta sempre é um grande vazio. Afinal de contas,
o que me falta?
—
O que você possui? Perguntou o mestre.
—
Tenho armas, dinheiro, fama e poder; tudo que um homem precisa para ser
respeitado. Respondeu o homem.
—
Mas, o respeito não exige nada disto. Contrapôs o mestre — O que te fez pensar
que estas coisas fariam de você um homem respeitado?
—
Possuidor de muitas armas, pensei que jamais seria combatido pelo outro. As
minhas chances de sair sempre vencedor numa situação de conflito aumentariam
significativamente e poucos seriam aqueles que teriam condições de igualar a
mim na força bruta. Mas, com todo este arsenal bélico, me sinto frágil e
percebo que não obtive o respeito que tanto sonhei. Lamentou o homem.
—
Desta forma, você conseguiu conquistar apenas o medo das pessoas. Medo e
respeito são bem diferentes e acho que já conseguiu perceber isto. Fale-me
agora das outras coisas que você adquiriu para conquistar o respeito. Solicitou
o mestre lamentando a ignorância daquele homem.
—
Eu adquiri muito dinheiro. Consegui comprar tudo que desejei. Até mesmo pessoas
se venderam para mim. Só não consegui comprar o respeito destas pessoas.
—
O máximo que você conseguiu conquistar foi o interesse delas pelo seu dinheiro
e não pela sua pessoa. Elucidou o mestre.
—
Isto nos dá um vazio enorme. Sentia-me vazio mesmo tendo tanta coisa e a
sensação de abandono só ia crescendo dentro de mim. Mesmo quando adquiri fama e
me via rodeado de pessoas, percebia que elas só queriam o meu lugar e nada
mais.
—
A fama só lhe garantiu a inveja dos outros. Saiba que a inveja não suporta o
respeito; os dois jamais viverão em parceria. Garantiu o mestre.
Por alguns minutos aquele homem chorou
muito lamentando a sua triste condição. Ao invés de respeito, sentia-se
humilhado e abandonado. Ainda em prantos continuou seu desabafo:
—
O poder também me pertenceu. Pude mandar e criar indivíduos servis. Só não
consegui ter poder sobre a minha pequenez e jamais consegui criar dentro de mim
o homem que sempre sonhei. Se as armas, o dinheiro, a fama e o poder não me
proporcionaram o respeito que tanto desejei, o que devo procurar agora?
Implorou o homem, esperando uma resposta que pudesse servir de referência para
sua vida.
O mestre pensou e depois de um minuto
de silêncio pronunciou-se:
—
Procure primeiro o respeito que você perdeu por si mesmo.
—
Você está querendo dizer que eu não me respeito? Perguntou o homem indignado.
—
Se você nem sabe ainda o que é respeito, como poderia estar se respeitando?
Indagou o mestre.
Pensativo, o homem se limitou a
observar o mestre como se estivesse tentando captar a essência de seu ser.
Depois de algum tempo calado, admitiu os seus erros diante da vida.
—
Acho que tem razão. Procurei o respeito da forma errada. O senhor é uma pessoa
respeitável e respeitada por todos e, no entanto, não possui nenhuma arma,
dinheiro e nem mesmo fama e poder. Como pode ter o respeito se não possui nada
disto?
—
A maior arma, riqueza e poder que
possuímos não habita os quartéis, os bancos, altos cargos ou estrelato. A nossa
maior arma está presente num lugar muito próximo. Quem vai muito longe para
encontra-la acaba se perdendo. Acho que você foi longe demais. Advertiu o
mestre.
—
Me explique melhor, pois não estou entendendo onde você está querendo chegar.
Falou o confuso homem sem entender as colocações do mestre.
—
Estou querendo chegar no seu coração. É lá que mora o amor. Somente aqueles que
cultivam o amor são capazes de respeitar e serem respeitados. Afirmou o sábio.
—
Mas eu sempre tive o amor dentro de mim e não consegui ser respeitado. Deve ter
faltado algo mais. Questionou o homem externando ingenuidade em sua expressão.
—
Não basta termos apenas a semente do amor. É necessário semearmos e cultivarmos
esta semente no solo fértil de nossos corações. Precisamos assim, cuidar da
terra e da semente com muito zelo. Orientou o mestre.
Aqueles dizeres tocaram no fundo da
alma daquele homem. Consternado, começou a refletir alto sobre suas ações.
—
Acho que tudo que busquei para obter o respeito acabou fazendo com que meu
coração ficasse árido demais. Num coração assim nenhuma semente jamais brotará.
Deve ser por isso que me sinto deserto e abandonado.
O sábio mestre pôde sentir, naquele
momento, o sofrimento daquele homem. Respeitava a sua ignorância, mas sabia que
esta o fazia sofrer. Torcendo para que ele a suplantasse, deu continuidade à
sua fala:
—
O amor é como uma planta. Quando brota vai crescendo e se desenvolvendo cada
vez mais. A flor que anuncia o fruto que virá é como a empatia na vida do ser
humano; e o fruto que pode ser saboreado e colhido é o respeito que você tanto
busca.
—
Eu nunca consegui ser empático. Nunca me coloquei no lugar de ninguém para
poder sentir o que o outro sentia e necessitava. Sempre me preocupei apenas em
garantir uma posição onde as pessoas pudessem enxergar a mim e a tudo que me
interessava. Admitiu envergonhado, aquele homem, sem poder modificar as suas
condutas passadas.
—
Agindo assim, mesmo que tivesse semeado o amor, a sua árvore jamais iria florir
e muito menos dar o tão desejado fruto do respeito que você tanto deseja
saborear.
—
Mestre, te procurei tantas vezes antes de fazer esta importante descoberta. Por
que o senhor não me passou este conhecimento há anos atrás, na primeira vez que
lhe procurei? Censurou o homem, a suposta omissão do mestre.
—
Não dá para saborear com prazer uma fruta ainda verde. Nas outras tantas vezes
que me procurou, não estava maduro o suficiente para absorver estes
conhecimentos. Você desejava, naquele momento, experimentar o fruto do
dinheiro, da fama, do poder. Apenas não neguei a você o direito de
experimenta-los. O sabor destes frutos não é tão bom quanto parece quando
degustados de maneira compulsiva. Hoje, você pôde checar isto muito bem. Estou
satisfeito com sua descoberta e espero que esteja também.
—
Foram tantos anos de busca...Refletiu o homem. Acho que cultivei ervas
daninhas.
O mestre olhou no fundo de seus olhos e
enxergou muita tristeza e decepção. Tentando semear um pouco de esperança
naquela alma desiludida, finalizou seu discurso dizendo:
—
Mesmo tendo cultivado ervas daninhas, nunca é tarde para elimina-las e cultivar
uma linda plantação. Seja um bom lavrador e boa colheita!
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