sábado, 5 de abril de 2014

CRIATIVIDADE

“CRIE ATIVIDADE E LIBERTE-SE DO TÉDIO”



CRIATIVIDADE


            Criatividade é uma iguaria inédita, que você terá o prazer de preparar pela primeira vez. Se eu ensiná-lo, não estarei permitindo a você criar a sua própria receita. E tudo que é próprio da gente, nos faz sentir mais gente, grande gente. De gente grande nascem grandes ideias; das grandes ideias, grandes transformações; das grandes transformações, um mundo melhor para se viver.



CUSTO



            O preço maior a ser pago é o de ter que enfrentar a cara feia e críticas daquelas pessoas que não agradaram da sua receita. No entanto, o mais importante é agradar primeiro o seu paladar. Se isto acontecer, você só tem a lucrar pois,  além de satisfazer a si mesmo, estará também satisfazendo a todos que possuem um paladar semelhante ao seu.


TIRA GOSTO



MELHOR IDÉIA


INSPIRO
O DESEJO CÓSMICO,
EXPIRO
IDÉIAS NOVAS.
COMO PARTE INTEGRANTE
DESTE ORGANISMO CÓSMICO,
RESPIRO,
EVITO A ANÓXIA
QUE PARALIZA O POTENCIAL
DE UM UNIVERSO CHAMADO VIDA.
RESPIRO PROFUNDAMENTE,
OXIGENANDO COM ENERGIA CRIATIVA
TODO O MEU SER,
QUE, EM SEU ÚLTIMO SUSPIRO,
HÁ DE LANÇAR A IDÉIA
DE QUE VIVER
É A MELHOR DELAS.


INGREDIENTES


Muita confiança
Bastante ousadia


PREPARO



            Agora é com você. Eu bem que gostaria de provar da sua receita, pois adoro o sabor da confiança e da ousadia. Sei que estes ingredientes são estruturais para a composição de uma infinidade de pratos maravilhosos. Acho difícil esta mistura dar errada. Daí, boa sorte e bom apetite! Que o mundo possa provar de sua confiança e de sua ousadia.
            Esta receita eu não dito, eu apenas aguardo.



SOBREMESA



A DOR É SER SOLITÁRIO


            Houve uma época em que cada parte do ser humano vivia solitária a vagar pelo mundo, sem saber a sua razão de ser. O ser humano ainda não existia como um ser completo. Existiam apenas partes desintegradas e desconectadas, insatisfeitas com a sua insignificante condição existencial.
            Os olhos viviam olhando e admirando o mundo ao seu redor, mas mesmo enxergando tantos estímulos, viviam desestimulados com a sensação incômoda de inutilidade. Os ouvidos ouviam as mais belas melodias do cantarolar dos pássaros, do barulho das cachoeiras, do ruído do vento, enfim todos os mais diferenciados sons à sua volta. No entanto, mesmo envolto a tantos estímulos sonoros, sentia-se surdo por não conseguir dar significação a tudo que ouvia. O nariz inalava o aroma delicioso de todas as flores, inspirava os mais variados cheiros, mas ainda assim sentia-se incompleto e vazio. A boca experimentava o sabor de cada alimento que a natureza oferecia, beijava cada ser que a envolvia; no entanto, sentia fome de algo que não sabia o que. Os braços abraçavam todos os seres, mas sentiam-se soltos demais. As mãos tudo pegavam, mas não sabiam o que fazer com a matéria que apalpavam. Os órgãos sexuais, sempre estimulados, não sabiam o que fazer com tanto desejo preso e contido. As pernas caminhavam com dificuldade, sem saber que direção seguir. Os pés cheios de tropeços tentavam, em vão, pisar com firmeza no chão. O tronco, vazio de órgãos, sentia-se vazio sem ter o que abrigar. A cabeça vazia não pensava em nada. O cérebro pensava em tudo, mas, ainda assim, sentia-se um tolo, pois não encontrava razão para tanto pensamento. O coração, já cansado de tanto bater, encontrava mais razão para parar do que para continuar batendo. O pulmão se enchia de ar, mas vivia sufocado pela angústia da solidão. O pescoço girava para um lado e para outro parecendo uma piorra desgovernada. Os rins filtravam o tédio. O estômago vazio vivia roncando. O fígado, irritado com sua solidão, vivia se intoxicando. O pâncreas desenvolveu uma pancrealgia que o fazia doer por não saber a sua razão de ser. Os intestinos, sem ter o que prender ou soltar, se movimentavam num peristaltismo desgovernado. Enfim, cada órgão, que hoje trabalha harmonicamente, foi naquele momento contraindo a dor de ser desintegrado. Cada parte angustiada suplicava, em oração, seu lamento e seu pedido de socorro:
— A dor é ser solitário, desintegrado e desunido!
            Diante deste lamento doído nasceu a sentença “A DOR É SER” criando uma doença que urgia ser tratada. Ouvindo esta oração, Deus se viu diante de um problema que exigia uma rápida solução. Sabia que o melhor remédio para este problema só poderia ser oferecido pela sua valiosa assistente, chamada Criatividade. Sendo assim, o eco divino ordenou:
— Criatividade, vá ao mundo e crie uma atividade que faça sentido para aqueles seres.
            Atendendo a ordem divina, Criatividade chegou diante de cada parte como se estivesse diante de um grande quebra-cabeça e pensou:
— O que vou fazer com tudo isto? Cada um com um problema diferente...
            Pensativa, resolveu reverter a ordem do problema. Sabia que, para criar, precisava eliminar o pessimismo e pensar em soluções. Iluminada por esta nova ideia se corrigiu-se dizendo:
— Melhor afirmar — cada um com uma solução diferente! Com tantas soluções e diferenças, talvez seja interessante uni-los. O que vai dar esta união?
            Criatividade foi juntando as peças soltas pelo mundo sem saber ao certo no que daria os resultados daquela união. Sabia apenas que toda criação demandava ousadia. Suas obras sempre foram, a princípio, um grande mistério. Não foi diferente com esta. Sua ousadia resultou na formação de um grande mistério chamado homem.
Hoje, quando Deus olha para esta ousada obra de sua assistente Criatividade, fica às vezes confuso, sem saber se tudo isto resultou num grande problema ou numa grande solução para o mundo. Sabe apenas que, sendo filho da iluminada Criatividade, carrega com certeza seu gene da transformação.
            Se você for doutor e achar que esta obra anda meio adoentada, não cometa o erro de tentar tratar isoladamente o que sempre desejou funcionar junto para, enfim, conquistar o sentido de estar vivo. Seja, no mínimo, CRIATIVO.









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