domingo, 6 de maio de 2012

ESCOLHAS


“A ESCOLHA NOS OBRIGA A RENUNCIAR A PEQUENOS E FALSOS TESOUROS PARA, FINALMENTE, CONQUISTARMOS O MAIS VALIOSO DE TODOS ELES”




ESCOLHA
        

Escolha é um alimento que permite uma boa digestão daquilo que precisa ser mais intensamente vivido e sentido, evitando que o indivíduo sobrecarregue o seu ser com nutrientes não necessários ao seu organismo e ao seu desenvolvimento.



CUSTO




         O preço que se paga pela escolha é o de ter que se desapegar da gula, ou seja, do querer tudo quando o maior investimento é ter apenas o necessário para SER e VIVER.



TIRA GOSTO



EIS A QUESTÃO



ESCOHER

ABRIR MÃO

DO QUE É IMPORTANTE

PARA ABRIGAR

O QUE É ESSENCIAL



ESCOLHER

QUANDO SE QUER

TUDO

PODENDO TER

APENAS



ESCOLHER

SOFRER

O PERDIDO

FELICITAR-SE

COM O CONQUISTADO



ESCOLHER

ANGÚSTIA

DE QUEM PODE

DÁDIVA

PRA QUEM NADA TEM




ESCOLHER

DIFÍCIL SITUAÇÃO

QUANDO PIOR SERIA

NÃO TER

ESCOLHA



ESCOLHER

ESCOLHA PERFEITA

FEITA PARA MIM

NA MEDIDA CERTA

DOS DESEJADOS ACERTOS



ESCOLHER

COLHER

ARREPENDIMENTOS OU

SATISFAÇÕES

EIS A QUESTÃO




INGREDIENTES




Grãos de consciência daquilo que lhe é necessário

Tempero da gratidão




PREPARO




         Você sabe preparar um delicioso feijão? Preparar o alimento da escolha é bem parecido; mais simples impossível.  Antes de colocarmos o feijão na panela para ser cozido, precisamos catar os grãos separando os elementos estranhos que sempre os acompanham, sejam eles pedrinhas ou grãos com caruncho. Mesmo que junto aos grãos de feijão venham juntos grãos de ervilha, soja ou qualquer alimento saboroso, é necessário separá-los, pois quem deseja saborear feijão necessita preparar feijão. Qualquer mistura, por mais apetitosa que seja, altera significativamente o sabor.

         Com o alimento da escolha não é diferente. Separe os grãos de consciência daquilo que é necessário ao seu desenvolvimento, jogando fora as pedrinhas da gula e os carunchos do apego. Separando-os, é só despejar o que lhe é necessário na panela do desapego e deixar cozinhar. Quando estes grãos estiverem macios e prontos para serem saboreados, é só refogá-los usando principalmente o tempero da gratidão, certo de que você é uma pessoa abençoada que recebeu a dádiva de poder escolher.  Se em algum momento, você pensar em rejeitar o tempero da gratidão, lembre-se que há momentos na vida onde o saboroso alimento da escolha nos falta; precisamos engolir goela abaixo alguns alimentos bem  indigestos. Lembre-se, também,  daqueles infortunados que vivem, constantemente, assim. A quem não tenha nem mesmo o feijão com caruncho para matar a fome.



SOBREMESA




A LOJA DE BRINQUEDOS




         Eu queria todos os brinquedos daquela loja, no entanto, tinha que escolher apenas um. Eu sabia que todos eles eram especiais e que poderiam me trazer grande alegria e satisfação. Ainda assim, meu pai me dava o direito de escolher apenas um deles. Revoltado com o limite que meu pai me impunha, debatia-me diante daquelas prateleiras recheadas de lúdicas possibilidades tentando realizar uma escolha que não me fizesse sentir subtraído.

         Ao meu lado, presenciei o discurso tentador do pai de uma outra criança tentando oferecer à mesma tudo aquilo que o meu, firmemente, negava-me oferecer:

— Escolha tudo que desejar!

         Curiosamente, aquela criança olhava com desprezo para as prateleiras. Uma falta de desejo nutria o seu ser. Finalmente, com um semblante indiferente resmungou insatisfeita:

— Eu quero ir embora. Nenhuma porcaria destas agrada-me . Já tenho tudo isto e muito mais. Eu não quero nada. Eu não preciso de nada!

         Naquele momento pensei:

— Ai se eu fosse como este menino e não desejasse nada... Seria tão bom!

         Aquilo tudo ficou guardado em minha memória. Naquele momento, eu ainda era jovem demais para compreender o sentido daquela cena que passara diante dos meus olhos. No entanto, a minha alma de criança a guardou na memória para que eu pudesse resignifica-la mais tarde.

         Hoje, eu não posso ter mais um pai ao meu lado para negar-me a realização imediata de todos os meus desejos, pois ele não se encontra mais disponível nas prateleiras de minha vida. Hoje, meu pai é o precioso brinquedo que não posso ter. Ele vive e está acessível apenas nos meus sonhos.

         Também não posso ter um carro do ano, pois ele não cabe nas prateleiras de meu salário atual. Fico a lembrar como elaborei, na minha saudosa infância, a não aquisição daquele carrinho tão desejado que não pôde ser comprado por ser caro demais e não caber nas prateleiras do orçamento doméstico de minha família.

         Lembro-me também, que não pude ter todas as namoradas que desejei na adolescência, mas que pude escolher uma bem especial, a que mais gostei e com a qual me casei e tive meus filhos. Vejo agora, que não posso escolher o futuro que desejo para eles, mas que posso amá-los incondicionalmente.

         Desejei quase tudo, mas pude escolher apenas o que era mais especial e essencial para mim. Hoje vejo que este limite é tudo de especial que um ser humano não deseja, mas que realmente precisa. Quando me lembro daquela criança que aparentemente tinha tudo, fico a pensar se em algum momento de sua vida ela teve a benção que meu pai jamais me negou: “Poder escolher o que de mais especial toca nossos corações”. Acho que ela não teve aquilo que com fartura tive durante toda minha vida: “Desejo”. Mas,  desejo fecundo; e não desejos inférteis. Acho também que aquele menino não aprendeu a arte que nos faz seguir em frente na vida: “Saber escolher o essencial, ou seja,  aquilo que realmente necessitamos para o nosso desenvolvimento”. Hoje eu concluo que ele tinha tudo e não tinha nada. E eu? Eu não tinha nada que não fosse realmente útil, produtivo e importante na minha vida.

Neste momento sinto que preciso agradecer meu pai por tudo que não me deu: - Obrigado, por ter me ensinado a desejar e escolher. Obrigado por ter subtraído futilidades e adicionado conquistas em minha vida.



OBSERVAÇÃO > Clique em http://claudialuizacouto.blogspot.com.br/2012/02/escolhas.html para ler um interessante artigo da autora sobre ESCOLHAS



















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