“A ESCOLHA NOS OBRIGA A RENUNCIAR A
PEQUENOS E FALSOS TESOUROS PARA, FINALMENTE, CONQUISTARMOS O MAIS VALIOSO DE
TODOS ELES”
ESCOLHA
Escolha é um alimento que permite uma boa digestão
daquilo que precisa ser mais intensamente vivido e sentido, evitando que o
indivíduo sobrecarregue o seu ser com nutrientes não necessários ao seu
organismo e ao seu desenvolvimento.
CUSTO
O preço que se paga pela escolha é o de
ter que se desapegar da gula, ou seja, do querer tudo quando o maior
investimento é ter apenas o necessário para SER e VIVER.
TIRA GOSTO
EIS A QUESTÃO
ESCOHER
ABRIR MÃO
DO QUE É IMPORTANTE
PARA ABRIGAR
O QUE É ESSENCIAL
ESCOLHER
QUANDO SE QUER
TUDO
PODENDO TER
APENAS
ESCOLHER
SOFRER
O PERDIDO
FELICITAR-SE
COM O CONQUISTADO
ESCOLHER
ANGÚSTIA
DE QUEM PODE
DÁDIVA
PRA QUEM NADA TEM
ESCOLHER
DIFÍCIL SITUAÇÃO
QUANDO PIOR SERIA
NÃO TER
ESCOLHA
ESCOLHER
ESCOLHA PERFEITA
FEITA PARA MIM
NA MEDIDA CERTA
DOS DESEJADOS ACERTOS
ESCOLHER
COLHER
ARREPENDIMENTOS OU
SATISFAÇÕES
EIS A QUESTÃO
INGREDIENTES
Grãos de consciência daquilo
que lhe é necessário
Tempero da gratidão
PREPARO
Você sabe preparar um delicioso feijão?
Preparar o alimento da escolha é bem parecido; mais simples impossível. Antes de colocarmos o feijão na panela para
ser cozido, precisamos catar os grãos separando os elementos estranhos que
sempre os acompanham, sejam eles pedrinhas ou grãos com caruncho. Mesmo que
junto aos grãos de feijão venham juntos grãos de ervilha, soja ou qualquer
alimento saboroso, é necessário separá-los, pois quem deseja saborear feijão
necessita preparar feijão. Qualquer mistura, por mais apetitosa que seja,
altera significativamente o sabor.
Com o alimento da escolha não é
diferente. Separe os grãos de consciência daquilo que é necessário ao seu
desenvolvimento, jogando fora as pedrinhas da gula e os carunchos do apego.
Separando-os, é só despejar o que lhe é necessário na panela do desapego e
deixar cozinhar. Quando estes grãos estiverem macios e prontos para serem
saboreados, é só refogá-los usando principalmente o tempero da gratidão, certo
de que você é uma pessoa abençoada que recebeu a dádiva de poder escolher. Se em algum momento, você pensar em rejeitar
o tempero da gratidão, lembre-se que há momentos na vida onde o saboroso
alimento da escolha nos falta; precisamos engolir goela abaixo alguns alimentos
bem indigestos. Lembre-se, também, daqueles infortunados que vivem,
constantemente, assim. A quem não tenha nem mesmo o feijão com caruncho para
matar a fome.
SOBREMESA
A LOJA DE
BRINQUEDOS
Eu queria todos os brinquedos daquela
loja, no entanto, tinha que escolher apenas um. Eu sabia que todos eles eram
especiais e que poderiam me trazer grande alegria e satisfação. Ainda assim,
meu pai me dava o direito de escolher apenas um deles. Revoltado com o limite
que meu pai me impunha, debatia-me diante daquelas prateleiras recheadas de
lúdicas possibilidades tentando realizar uma escolha que não me fizesse sentir
subtraído.
Ao meu lado, presenciei o discurso tentador
do pai de uma outra criança tentando oferecer à mesma tudo aquilo que o meu,
firmemente, negava-me oferecer:
—
Escolha tudo que desejar!
Curiosamente, aquela criança olhava com
desprezo para as prateleiras. Uma falta de desejo nutria o seu ser. Finalmente,
com um semblante indiferente resmungou insatisfeita:
—
Eu quero ir embora. Nenhuma porcaria destas agrada-me . Já tenho tudo isto e
muito mais. Eu não quero nada. Eu não preciso de nada!
Naquele momento pensei:
—
Ai se eu fosse como este menino e não desejasse nada... Seria tão bom!
Aquilo tudo ficou guardado em minha
memória. Naquele momento, eu ainda era jovem demais para compreender o sentido
daquela cena que passara diante dos meus olhos. No entanto, a minha alma de
criança a guardou na memória para que eu pudesse resignifica-la mais tarde.
Hoje, eu não posso ter mais um pai ao
meu lado para negar-me a realização imediata de todos os meus desejos, pois ele
não se encontra mais disponível nas prateleiras de minha vida. Hoje, meu pai é
o precioso brinquedo que não posso ter. Ele vive e está acessível apenas nos
meus sonhos.
Também não posso ter um carro do ano,
pois ele não cabe nas prateleiras de meu salário atual. Fico a lembrar como
elaborei, na minha saudosa infância, a não aquisição daquele carrinho tão
desejado que não pôde ser comprado por ser caro demais e não caber nas
prateleiras do orçamento doméstico de minha família.
Lembro-me também, que não pude ter
todas as namoradas que desejei na adolescência, mas que pude escolher uma bem
especial, a que mais gostei e com a qual me casei e tive meus filhos. Vejo
agora, que não posso escolher o futuro que desejo para eles, mas que posso
amá-los incondicionalmente.
Desejei quase tudo, mas pude escolher
apenas o que era mais especial e essencial para mim. Hoje vejo que este limite
é tudo de especial que um ser humano não deseja, mas que realmente precisa.
Quando me lembro daquela criança que aparentemente tinha tudo, fico a pensar se
em algum momento de sua vida ela teve a benção que meu pai jamais me negou:
“Poder escolher o que de mais especial toca nossos corações”. Acho que ela não
teve aquilo que com fartura tive durante toda minha vida: “Desejo”. Mas, desejo fecundo; e não desejos inférteis. Acho
também que aquele menino não aprendeu a arte que nos faz seguir em frente na
vida: “Saber escolher o essencial, ou seja, aquilo que realmente necessitamos para o nosso
desenvolvimento”. Hoje eu concluo que ele tinha tudo e não tinha nada. E eu? Eu
não tinha nada que não fosse realmente útil, produtivo e importante na minha
vida.
Neste momento sinto que preciso agradecer meu pai por
tudo que não me deu: - Obrigado, por ter me ensinado a desejar e escolher.
Obrigado por ter subtraído futilidades e adicionado conquistas em minha vida.
OBSERVAÇÃO > Clique em http://claudialuizacouto.blogspot.com.br/2012/02/escolhas.html para ler um interessante artigo da autora sobre ESCOLHAS
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