segunda-feira, 16 de abril de 2012

EQUILÍBRIO

“EQUILIBRADO ESTÁ AQUELE QUE EQUILIBRA SEUS DESEQUILÍBRIOS”



EQUILÍBRIO



Equilíbrio é uma erva sagrada que lhe faz sentir centrado e, sobretudo no eixo certo.


CUSTO


         Provando do equilíbrio você estará perdendo o prazer da histeria e ganhando uma posição serena que fará com que as pessoas lhe enxerguem um pouco diferente da maioria. Num mundo desestruturado, ter equilíbrio equivale a ser taxado de ET. Mas, com equilíbrio, nenhum rótulo depreciativo lhe derrubará. Um ser equilibrado poderá também ser uma boa referência para quem não consegue se manter em pé, sendo um ótimo investimento para quem busca a paz e a serenidade.


TIRA GOSTO


SÃ LOUCURA


AQUELE LOUCO
QUE SE DIZ SÃO
É LOUCO DEMAIS
PARA PERCEBER
NA SUA LOUCURA
TRAJADA DE SANIDADE
O SEU DESEQUILÍBRIO

AQUELE SÃO
QUE SE DIZ LOUCO
É SÃO DEMAIS
PARA PERCEBER
NA SUA SANIDADE
ORA FANTASIADA DE LOUCA
O SEU EQUILÍBRIO

DE QUE VALE O EQUILÍBRIO
SE NÃO POSSO
 PENDER
CAIR
 LEVANTAR

QUERO VIVER A MINHA SÃ LOUCURA
CURAR A SANIDADE QUE ME ENLOUQUECE
EQUILIBRAR APENAS OS MEUS DESEQUILÍBRIOS
DESEQUILIBRANDO A FALSA NORMALIDADE
QUE ME IMPEDE SER EU MESMA



INGREDIENTES

Qualquer erva sagrada


PREPARO

Primeiramente é necessário colher a erva sagrada desejada. Ela se desenvolve apenas em terrenos férteis capazes de promover o desenvolvimento das boas virtudes. São várias as ervas que possuem um valor terapêutico capaz de harmonizar o nosso ser. Sabendo utilizá-las no momento adequado à sua necessidade, você estará levando para dentro de seu ser o equilíbrio desejado. Você poderá utilizar estas ervas em forma de chá ou em forma de tempero. Eu, por exemplo, ando utilizando a erva do amor como um tempero a mais nas minhas prazerosas refeições sexuais. Sinto-me mais harmonizada, centrada em mim e em meu companheiro. Tenho uma amiga professora que adora usar a erva da paciência no chá de aprendizagem que oferece aos seus alunos. Percebe que estes ficam mais calmos e atentos. A decisão de como usar a sua erva sagrada deverá ser sempre sua.

SOBREMESA


CORDA BAMBA


         Dizia uma antiga lenda que um valioso tesouro habitava uma caverna misteriosa. Nenhum ser humano, por mais afoito que fosse, jamais conseguiu chegar sequer na porta da mesma, pois para chegar até lá o aventureiro deveria atravessar um precipício equilibrando-se numa corda erguida, que servia de ligação entre um lado do abismo e o portal da caverna.
         O sonho de cada aventureiro que arriscava a própria vida para conquistar o misterioso tesouro, tecia especulações das mais variadas formas:
— Eu acredito que deva ser um barril de pedras preciosas. Fantasiavam alguns.
— Deve ser o mapa de uma inesgotável mina de ouro. Diziam outros.
         A imaginação fluía livremente e os ambiciosos que ousavam atravessar aquela corda levavam sempre consigo a esperança de riqueza, mas jamais a traziam de volta. O despenhadeiro nunca contou a ninguém o trágico destino dos mesmos.
         Certo dia, porém, um simples e humilde palhaço equilibrista resolveu aceitar o desafio daquela corda. Até então, o desafio sempre fora para ele a maior riqueza de sua vida. Viver num circo, desafiar o mau humor das pessoas, tentando trazer de volta a alegria adormecida, nunca fora uma tarefa fácil. Dramatizar o papel do palhaço que nunca conseguia se firmar na corda bamba era uma missão gratificante, pois trazia no âmago da mesma um alívio para todos aqueles que não conseguiam se firmar na vida. Ironizar o desequilíbrio do ser humano, substituindo o choro pelo riso, tornava-o menos penoso. Sempre acostumados a rirem do palhaço, ninguém deu credibilidade ao seu desejo de ultrapassar aquela corda. Limitaram-se a dar boas risadas quando ele, finalmente, decidiu desafiar o despenhadeiro.
— Se os mais corajosos e ambiciosos homens jamais conseguiram vencer este desafio, o que um simples palhaço carente de ambição conseguirá fazer? Comentavam as incrédulas e invejosas personalidades da região.
— Que palhaçada! Como ele pode brincar desta forma com a própria vida? Censuravam outros.
         Sem se importar com os comentários, arriscou-se. Lá foi o palhaço equilibrando naquela corda como jamais fizera no circo. As regras ali eram bem diferentes. No circo a regra era cair, ali, manter-se em equilíbrio. Não havia espaços para a risada, apenas para a concentração. Durante todo o percurso teve muito medo. Temeu perder o que de mais valioso possuía — a própria vida. Para preservá-la não poderia perder o equilíbrio. Sabia que não podia pender radicalmente para lado algum; precisava manter-se centrado no próprio eixo. Centrando em si mesmo e dominando a cada passo a técnica do equilíbrio, conseguiu finalmente chegar à porta da caverna. Antes de adentrar-se foi dominado pelo mais profundo sentimento de valorização da própria vida. Sentiu que nenhum tesouro que aquela caverna possuísse poderia ser maior e mais valioso do que o equilíbrio que garantiu a sua vida. Ficou um bom tempo a pensar se teria o mesmo equilíbrio no seu trajeto de volta, chegando a esquecer-se do tão cobiçado tesouro da caverna, insignificante para ele naquele momento de tamanha descoberta. Descobriu que o amor à própria vida era mais valioso do que qualquer tesouro. Depois de muitas reflexões, resolveu finalmente vasculhar aquela enigmática caverna, não encontrando nada a não ser um grande vazio que lhe encheu de sabedoria, induzindo-o a voltar novamente para o seu maior tesouro que era a vida que lhe aguardava do outro lado da corda. Cheio de esperança e contando apenas com os conhecimentos adquiridos e seu precioso equilíbrio, conseguiu chegar finalmente do outro lado. Depois de tudo que passou, de todas as conquistas, sabia que a vida jamais seria a mesma, apesar de aparentemente se dedicar às mesmas coisas. Ao cruzar a linha de chegada, uma multidão curiosa lhe perguntou indignada:
— Achou o tesouro?
— Sim, eu o achei. Respondeu irradiando admiração por si mesmo.
— Como pode ter um tesouro se não carrega nada consigo? Perguntaram desconfiados.
— O tesouro da caverna não se carrega, conquista-se. Respondeu com sabedoria
— Como assim?
— Quem pendeu ambiciosamente apenas para o lado da caverna, caiu no precipício. Eu não pendi para lado nenhum, centrei no meu equilíbrio para preservar o tesouro que eu já possuía sem, no entanto, me dar conta do valor do mesmo.
— Que tesouro? Inquiriram surpresos
— A minha própria vida. Exclamou repleto de alegria.
         Ninguém deu apreço ao tesouro do palhaço, mas nem por isso ele se entristeceu, pois sabia que apenas a experiência de atravessar a corda bamba é capaz de dar ao ser humano a consciência da importância e do verdadeiro valor deste tesouro. Ele não virou herói, continuou sendo apenas um simples palhaço que dentro do circo desequilibrava e caía mostrando com ironia a triste condição da maioria.

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