Acostumados a alimentar apenas o nosso corpo deixamos muitas vezes a nossa alma sujeita a desnutrição. Assim como há alimentos bons e ruins para o corpo, há também alimentos saudáveis e capazes de intoxicar a nossa alma. Uma alma intoxicada não se exerce fazendo com que a vida deixe de ser experimentada com prazer. Em minhas andanças pelos tortuosos caminhos da vida encontro diariamente inúmeras almas com virtudes e defeitos capazes de transformar seus corpos em habitates saudáveis ou não.
Vejo almas aprisionadas em corpos que não descobriram o verdadeiro sentido da vida por estarem presos a artificialidades. Uma alma livre é capaz de voar e fazer o corpo se sentir leve. Para ser livre a alma precisa de um alimento poderoso chamado liberdade. Percebo que o corpo de uma pessoa livre se alonga e se movimenta muito mais do que o corpo de uma pessoa presa a padrões, normas e sentimentos ruins. Um indivíduo preso é todo sem jeito, na verdade, sem jeito de ser e se exercer.
Conheço almas tristes que habitam corpos deprimidos que não sabem sorrir, gargalhar, enfim, sentir a graça da vida. Apesar da vida ser engraçada, alguns só enxergam a desgraça. Não tem graça viver sem a graça que a vida nos deu. Para isto a alma precisa de um alimento poderoso chamado alegria que somado a alguns outros formam o maravilhoso banquete da felicidade.
Observo almas desoladas que habitam corpos perdidos no espaço, não sabendo para onde ir e o que fazer. Apesar de existirem infinitos caminhos a percorrer, a escuridão que as dominam não lhes permitem enxergar uma trajetória sequer. Se enxergam, não possuem determinação para seguir em frente, pois olham sempre para trás. Um alimento bom para visão é a fé e a esperança que enche de luz o percurso da vida.
Presencio o drama de almas agitadas que habitam corpos que guerreiam consigo mesmo e com o outro o tempo todo parecendo viver diariamente num perigoso campo de batalha. Estão sempre prontas ao ataque. São corpos rígidos e inflexíveis que carregam sempre uma armadura e com certeza uma amargura também. Conhecem apenas o sabor amargo da vida e nunca se permitiram saborear o doce sabor da paz.
Deparo-me constantemente com almas medrosas que habitam corpos trêmulos, sem firmeza. Estão sempre prontos a desfalecer ou fugir. Não aprendem a enfrentar obstáculos, pelo contrário, aprendem exclusivamente evitá-los e teme-los. O sabor da coragem é desconhecido e são justamente estes alimentos desconhecidos que precisam ser ingeridos para torná-los fortes, firmes e seguros.
Observo almas invejosas, ciumentas que habitam corpos impregnados pela vergonha e insatisfação. Querem sempre saborear o alimento do outro apesar de depreciá-lo com insensatez. Vivem morrendo de fome, pois além de não valorizarem o próprio alimento não conseguem servir a si mesmo com a suculenta humildade.
Sempre encontro almas coléricas que habitam corpos violentos e feridos capazes também de ferir e matar. Definhados pelo venenoso ódio que ingerem não conseguem provar nem uma gota do bálsamo do amor.
E as almas frias que habitam corpos frígidos e estéreis? Não conhecem a quente paixão e a picante sensualidade. A falta de apetite provém muitas vezes da preguiça que possuem de esquentar o próprio alimento.
Existem também as almas solitárias que habitam corpos vazios. São destemperadas, parecendo carecer de um pouco mais de sal. Recusam o alimento oferecido pelo outro e se esquecem que barriga vazia dói.
Existe também aquela alma bitolada que habita um corpo mecânico e já programado. Não conhece o gosto da criatividade. Come todo dia o mesmo prato e o seu mal estar reside na indisposição para diversificar.
A alma megalomaníaca habita um corpo nanico que finge ser gigante. Só se senta à mesa se lhe for servido um banquete. No entanto é sempre servida de alimentos que não possuem valor nutritivo e com isto não crescem.
A sovina alma que habita um corpo pão duro, ou seja, passado, esquenta sempre as sobras que existem na geladeira. Vivem do que restou da passada refeição e nunca se presenteiam com os alimentos frescos.
Vejo também muitas almas ansiosas habitando corpos inseguros. Preocupadas sempre com a refeição que farão amanhã se esquecem de se alimentar hoje e acabam adoecendo de inanição.
Enfim, existem almas de todos os tipos habitando corpos de todas as formas. Você tem uma alma e um corpo. De que maneira os vem alimentando? Neste livro apresentarei um cardápio nutritivo e saboroso apropriado apenas para quem deseja ser saudável. Caso você faça parte deste grupo de pessoas, BOM APETITE!
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